Dólar sobe após Trump adiar pacote de estímulos à economia dos EUA

O dólar comercial fechou em alta de 0,52% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5980 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude com a moeda renovando mínimas a R$ 5,48 e máximas a R$ 5,61. Na primeira parte dos negócios, o otimismo prevaleceu no mercado doméstico e no exterior reagindo à melhora do estado de saúde do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto aqui, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, deram trégua nos ruídos políticos.

Porém, na reta final dos negócios, Trump anunciou, por meio de mensagens no Twitter, que rejeitou a proposta dos democratas de uma nova rodada de ajuda ao novo coronavírus, avaliada em US$ 2,4 trilhões, e ordenou que as negociações do novo pacote de estímulo fiscal sejam suspensas até depois da eleição, em 3 de novembro.

“Perto do fechamento, o dólar acelerou os ganhos com essa notícia”, diz o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek. Para o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, Trump “jogou um banho de água fria nos mercados”, já que na abertura, parte do otimismo observado no exterior vinha das expectativas de que haveria negociações no Congresso norte-americano para a aprovação do plano.

Para a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, Trump ignorou o alerta feito por Powell sobre os estímulos”, referindo-se a declarações feitas mais cedo pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, sobre a necessidade de mais apoio fiscal para garantir a recuperação da economia norte-americana em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Aqui, investidores reagiram com otimismo após Paulo Guedes e Rodrigo Maia sinalizarem o fim de ruídos políticos entre legislativo e executivo após críticas ao ministro da Economia na semana passada.

Porém, o programa Renda Cidadã voltou a gerar incertezas entre os investidores em meio à notícia de que o presidente Jair Bolsonaro teria declarado a assessores e aliados que não irá dar aval a propostas polêmicas de financiamento do programa Renda Cidadã antes das eleições municipais, que serão realizadas no mês que vem.

Nesta quarta, 7, com a agenda de indicadores mais fraca, Spyer acredita que o mercado seguirá monitorando o noticiário em torno do Renda Cidadã, além do risco fiscal, enquanto os desdobramentos em torno do adiamento do pacote de estímulos norte-americano deverá pautar os mercados mais uma vez, após o forte impacto na reta final dos negócios, que levou as bolsas de Nova York a fecharem com mais de 1% de queda.

Tem ainda a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Fed, no mês passado, no qual a autoridade monetária deverá ressaltar a importância de estímulos por parte do governo federal para recuperar a economia dos Estados Unidos.

Por Agência Safras