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Crédito de carbono: já pensou receber dinheiro por produzir soja com boas práticas?

Projeto que conta com parceria entre Bayer e Embrapa pretende medir a quantidade de carbono sequestrado nas lavouras e remunerar por isso. Entenda!

O termo crédito de carbono não é novo e muitos produtores já ouviram falar dele. Na verdade, também ouviram que seria um bom modo de remunerar quem preserva a mata nativa, mas que na prática isso nunca saiu do papel. Pois um projeto da Bayer, que conta com a parceria da Embrapa, pretende não só tirar isso do papel, mas remunerar os produtores que adotam boas práticas agrícolas também.

A iniciativa denominada “Avaliação piloto do balanço de carbono na produção de milho e soja no Centro-Sul do Brasil, irá durar três anos e contará com pelo menos 500 agricultores, em 60 mil hectares.

“O projeto do carbono Bayer visa criar uma ponte de acesso entre os produtores brasileiros e o mercado mundial de comercialização de carbono, que movimenta mais de US$ 200 bilhões. A ideia é que eles tenham um ganho financeiro, vendendo o crédito de carbono de suas áreas”, afirma Dirceu Ferreira Júnior, diretor do Centro de Expertise em Agricultura Tropical da Bayer Brasil.

A ideia da Bayer, no entanto, é um pouco diferente do padrão comum que visa negociar créditos de carbono só pelas áreas de preservação. Segundo Dirceu, o projeto pretende medir a quantidade de carbono sequestrado nas próprias lavouras, ou seja, em práticas sustentáveis, como no uso de inoculantes para fixação de nitrogênio, no plantio direto, na rotação de culturas, na culturas de cobertura, etc.

“O projeto visa isso mesmo, criar essa ponte, quanto mais práticas assim fizer, mas carbono será sequestrado. Não existe nada desse tipo no mercado atual e vimos um grande potencial. A medição da quantidade de carbono sequestrado nas lavouras é o pulo do gato, por isso a importância de termos entidades como a Embrapa conosco”, diz o diretor da Bayer.

Segundo o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Ladislau Martin Neto, a agricultura brasileira já emprega diversas boas práticas que trazem ganhos de eficiência técnica, produtiva e de rentabilidade. E a ideia é que com esse projeto, possam medir a captura de carbono e ganhar por isso.

“Vamos testar três metodologias para verificar a quantidade de carbono sequestrado. Uma delas baseada em um laser, outra em ondas sonoras e a terceira em imagens de satélite. A ideia é estudar qual a melhor metodologia em termos de eficiência e custo, comparado a metodologia padrão de mercado, que se baseia em retirar amostras de solo em profundidade, que é algo caro e demorado”, afirma ele.

Como funcionará

Inicialmente a Bayer selecionou 50 produtores dos 500, e na área deles serão testados os três métodos em comparação ao padrão atual.

“Na primeira fase teremos um nível de exigência bastante grande com esses 50 produtores, até porque deveremos testar as 3 metodologias e o padrão. Na segunda fase, a metodologia que vencer será usada nos 450 produtores restante, em comparação ao padrão”, explica Dirceu.

Os produtores que participarem do projeto irão receber diretamente da Bayer um valor financeiro equivalente a quantidade de carbono sequestrado. Mas a ideia da empresa não é bancar esse mercado sozinha.

“Esses 500 produtores terão um contrato de 3 anos com a Bayer. Ao final de cada safra será feita a mensuração, auditoria e os produtores receberão da Bayer o valor que conseguiram sequestrar de carbono. Isso acontecerá só nesses três anos. No meio do tempo, tentaremos trazer novos participantes para esse projeto para tentar formar esse mercado de carbono. Quando isso acontecer, a Bayer sairá e cena como a compradora principal, e os produtores terão outras opções no mercado”, conta o representante da Bayer.

Segundo o pesquisador da Embrapa a ideia é tentar criar métodos mais baratos para se medir esse sequestro e ao mesmo tempo incentivar a criação de um mercado para adquirir esse crédito.

“Parte da matéria orgânica dos campos é carbono e é isso que queremos medir. Estamos tratando de um assunto importantíssimo para os produtores, as empresas, a sociedade e o mundo”, afirma Ladislau.

O projeto começará nesta safra 2020/2021 e a Bayer não descarta aumentar o número de participantes, caso tudo corra como planejado.

“Isso não significa que esses produtores selecionados usam apenas produtos Bayer, até porque a ideia é que no futuro, com esse mercado consolidado, qualquer produtor possa acessar”, finaliza Dirceu.

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