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Perdas relacionadas ao clima foram expressivas na safra 20/21, diz CNA

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil promoveu um evento sobre as perspectivas climáticas para a próxima safra

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu um evento sobre as perspectivas climáticas para a próxima safra nesta quarta-feira, 6.

Segundo o coordenador de Produção Agrícola da CNA, Maciel Silva, as perdas relacionadas aos eventos climáticos – principalmente o déficit hídrico e as geadas – foram expressivas para a safra 2020/2021. Culturas como o milho segunda safra, que tinha uma produção estimada em 82,8 milhões de toneladas, deve ter uma redução de 23,4 milhões de toneladas.

No café, espera- se uma produção total de 48,8 milhões de sacas de 60 kg, 22,6% inferior à safra passada. Para a laranja, a previsão é de uma redução de 26 milhões de caixas (-8,9%) frente à estimativa inicial. Na cana-de-açúcar, a indicação é de queda de 9,5% na produção, com um volume total de 592 milhões de toneladas na safra 2021/2022.

“Os danos sofridos em 2021 aumentam ainda mais a expectativa dos produtores rurais brasileiros para a próxima safra. A ideia é tentarmos entender as condições climáticas da safra atual e os eventuais efeitos resultantes da anterior para que possamos nos planejar melhor”, afirmou Silva.

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Foto; Pixabay

O meteorologista do Inmet, Francisco de Assis Diniz, destacou que o clima é um “forte” preditor da produção agrícola. Ele fez uma apresentação sobre monitoramento climático que aconteceu em 2020/2021 e a perspectiva climática para a safra 2021/2022. Diniz também analisou pontos como precipitações e temperaturas e apontou a tendência de ocorrência de La Niña fraca nos meses de primavera.

“A previsão é de uma La Niña fraca, com tendência de precipitação acima e próxima do período no Centro-norte do Brasil e chuvas abaixo da climatologia na região Sul e no sul de Mato Grosso e de São Paulo”, disse.

O agrometeorologista da Climatempo, João Rodrigo de Castro, falou sobre os aspectos climáticos relacionados à implementação e ao manejo na safra 2021/2022. Conforme ele, em algumas regiões as precipitações já ultrapassaram a média, como Arapuã e Apucarana (PR).

Ele destacou os pontos positivos das chuvas, que permitem o desenvolvimento das lavouras dentro da janela ideal de plantio, maior ganho econômico ao produtor e menor risco associado aos eventos de frio severo na segunda safra. Mas também alertou para aspectos negativos como dificuldade de implementação rápida das lavouras, problemas relacionados a erosão e/ou compactação, além de ambiente de solo saturado que pode favorecer a ocorrência de doenças em materiais mais susceptíveis (podridão e tombamento).

“Quando trabalhamos com as médias para os próximos meses, temos uma confiabilidade muito grande para esses dados, que gira entre 75% e 80%. A tendência para as grandes culturas é termos uma safra boa, com alguns pontos de inflexão nessa curva na região Sul”, declarou Castro.

O coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro dos Santos, analisou as condições agrometeorológicas de 2021 nas regiões cafeeiras da Cooxupé, principalmente no cerrado mineiro e em parte de São Paulo. Ele abordou pontos como florescimento, déficit hídrico, temperatura mensal, distribuição de chuvas e rendimento.

“Vamos torcer para que as condições mudem em 2022 e o cafeeiro possa expressar um pouco mais o seu potencial produtivo e compensar as perdas que já estão definidas em função da ocorrência da geada”.