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Veja como vão ficar as chuvas no Brasil nas próximas semanas

Chegada do verão coincide com retorno de tempestades ao sul da Bahia; há previsão de mudança de tempo no Sul, mas pode chegar tarde demais para algumas culturas

As tempestades voltaram ao sul da Bahia nesta terça-feira (21), início do verão. Até domingo (26), a meteorologia estima 250 milímetros em áreas de cacau, café e pastagens e em municípios que já foram muito afetados pela chuvarada, como Itamaraju (BA).



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Além disso, deve haver igual volume de chuvas na área irrigada da Chapada Diamantina (batata), Vale do São Francisco (uva, manga e banana) e oeste baiano (grãos), além do sul do Piauí e do Maranhão, nordeste de Minas Gerais, norte e sudoeste de Mato Grosso, norte de Goiás e no Tocantins.

As chuvas mantêm elevada a umidade do solo e garantem o desenvolvimento das culturas. Mas também aumentam a incidência de doenças, como a mancha-alvo da soja, além de atrapalhar as atividades da manutenção de diversas lavouras.

Por outro lado, a semana será de pouca chuva no Sul, São Paulo e algumas áreas do sul de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul. A estiagem continua afetando o desenvolvimento do milho e da soja, sobretudo no Rio Grande do Sul e no Paraná.

Na semana seguinte, entre os dias 27 de dezembro e 2 de janeiro, a chuva enfraquece no sul da Bahia, mas prossegue no Matopiba, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Mais uma vez a região Sul, o oeste de São Paulo e o sul de Mato Grosso do Sul passarão por um período de tempo seco e temperaturas elevadas.

Na soma de duas semanas, os maiores acumulados de chuvas serão registrados no noroeste de Minas Gerais, sul do Pará e sudoeste da Bahia (região de Correntina). Estimam-se até 350 milímetros na região de Chapada Gaúcha (MG) em 15 dias. Em contrapartida, Quaraí, no oeste do Rio Grande do Sul, receberá no máximo 5 milímetros nesses 15 dias.

A mudança de tempo da região Sul até virá, mas deve chegar tardiamente a muitas áreas de milho já instaladas no Sul. A partir da segunda semana de janeiro, tanto simulações europeias como americanas indicam chuva dentro da média histórica semanal inicialmente para o Paraná, mas dias depois também para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além disso, a segunda quinzena de janeiro será mais seca que o normal em boa parte do Matopiba, região Norte e Mato Grosso.

Chuvas no ano que vem

No início de 2022, a chuva muda de posição. Os locais que vinham recebendo chuva forte e frequente na primavera não vão receber precipitações tão intensas no verão. Além disso, parte da região Sul também verá diminuição da estiagem, embora culturas como a primeira safra de milho já tenham se perdido.

O fenômeno La Niña vai se estender e seus efeitos ainda serão vistos no Norte e Nordeste com chuva acima da média e, no Rio Grande do Sul, com chuva abaixo da média no primeiro trimestre de 2022. Porém Santa Catarina, Paraná e boa parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste enfrentarão uma situação diferente. Há previsão de chuva acima da média em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Por outro lado, partes de Mato Grosso, Goiás e de Minas Gerais vão receber menos chuva que o normal entre janeiro e março de 2022. A diminuição da chuva nesses três estados até poderá ajudar a agricultura, já que o período será de colheita da primeira safra e instalação da segunda safra de milho.

A chuva abaixo da média indica que a chance de invernadas deve diminuir em parte da nova estação. Em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, o milho já está comprometido, mas a soja ainda está em desenvolvimento, sobretudo em Santa Catarina.

A chuva vai migrar mais para o Sul por conta de um fenômeno chamado de Oscilação Decadal do Pacífico, que há dez anos vem deixando os verões mais secos que o normal no Sudeste e Centro-Oeste, inclusive em áreas de reservatórios para geração de energia elétrica.

Geração de energia

Embora o cenário não preocupe tanto a agricultura, a situação é mais delicada para o setor de energia. Está chovendo muito, mas fora das principais bacias hidrográficas geradoras de energia. Desde 2 de outubro de 2021, momento em que a curva de aumento da ENA Armazenada do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste inverteu e começou a crescer, armazenamos apenas 4,38 pontos percentuais (p.p.) nos reservatórios, crescimento de menos de 0,5 p.p por semana.

Apenas como comparativo, no ano passado, choveu bem menos que o normal, mas nas dez primeiras semanas após o início do aumento dos reservatórios, o aumento foi de pouco mais de dez p.p. Em 2019, ano excepcionalmente chuvoso, se compararmos com a média da década passada, o aumento do nível dos reservatórios foi de pouco mais de 13 pontos percentuais.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) descarta racionamento de energia em 2022, em parte pela presença de mais linhas de transmissão e pelo acréscimo de 10 gigawatts em usinas solares e eólicas. Mas, até o momento, está difícil contar com a chuva e aumento do nível dos reservatórios. Naturalmente, é melhor repor mesmo com que de forma lenta que perder água nas represas, mas neste ritmo, não há garantia de um nível adequado para atravessar todo o período seco de 2022.

Em relação às temperaturas, a maior parte do país terá um primeiro semestre com poucas anomalias. O calor será mais intenso do que o normal no Rio Grande do Sul. Além disso, pelo excesso de nuvens e chuva, não fará tanto calor no Pará e em Roraima.