Com mais crédito, construção de armazéns pode crescer 30% neste ano

Juros menores no Plano Safra aliados à perspectiva de retomada na economia devem estimular investimentos

Fonte: Suelen Farias, Avaré (SP)

A armazenagem tem sido um problema para alguns agricultores. Assim, o governo espera resolver o problema com o novo Plano Safra, que vai oferecer mais recursos para o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). No Rio Grande do Sul, a expectativa é de que o reforço nessa linha de crédito possa melhorar a situação. O programa terá juros animadores, de 6,5% ao ano, um dos menores já anunciados.

A safra brasileira de grãos alcançou aproximadamente 230 milhões de toneladas, o que significa um déficit de armazenagem de 70 milhões de toneladas. Isso mostra que é preciso investir. As cooperativas gaúchas queriam um juro de 3% para o PCA, o que não aconteceu. Mesmo assim, o setor está animado. 

Os juros menores aliados à perspectiva de retomada na economia devem estimular o produtor. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, afirma que as condições devem melhorar. 

“O produtor está consciente da importância da armazenagem no seu processo de comercialização. Acho que devemos ter um volume tomado no próximo ciclo bem superior ao que a gente teve agora e, portanto melhorando as nossas condições de armazenagem”, diz. 

As empresas fabricantes de silos e armazenagens estão otimistas com o recurso anunciado a juros mais baixos. Uma das mais importantes desse mercado, a Kleper Weber, espera crescimento de 30% no volume de vendas para o segundo semestre. 

“Esperamos uma boa retomada dos volumes, até porque a safra é bem melhor. Há uma combinação de efeitos favoráveis. O que precisa para acontecer de verdade é que também toda a cadeia funcione melhor, quer dizer, o fluxo do dinheiro do BNDES para os bancos e dos bancos repassadores com seus clientes para Kepler, isso precisa fluir melhor”, aponta o diretor e vice-presidente da empresa, Olivier Colas.
  
No Plano Safra deste ano, as cerealistas terão acesso ao financiamento. O governo federal busca beneficiar principalmente produtores do Centro-Oeste e Norte do país, que enfrentam limitações em relação à armazenagem pela falta de cooperativas. Foram destinados R$ 300 milhões do PCA para contemplar essas empresas. 

“Existe espaço para novos tomadores como, por exemplo, as cerealistas. Aquelas que estiverem bem financeiramente devem acessar. No passado eles não acessavam pela questão da burocracia, pelo juro elevado, mas também por certa condição em que fica mais fácil deixar que o produtor e as cooperativas”, conta Antônio da Luz. 

Mesmo com aporte maior do que em 2016 e juros mais atrativos, o economista sugere cautela a quem for acessar o financiamento.

“Deve investir agora a cerealista, a cooperativa, aquele produtor que tem um projeto de investimentos cuja viabilidade econômica ele conhece. Vamos aproveitar as oportunidades, mas fazendo conta, não é só na emoção”, completa.