Exportar é a solução para a crise econômica?

Na semana em que o Brasil assinou protocolo com os Estados Unidos para exportação de importação de carne in natura, o programa Direto ao Ponto traz uma discussão acerca da importância dos acordos internacionais para superar a crise enfrentada pelo país

Trabalhar a imagem de uma produção agrícola sustentável é o caminho para a expansão do mercado exterior para o Brasil. Esta é uma das medidas que podem fomentar o comércio internacional, de acordo com a especialista para acesso a mercados da CNA, Camila Sande.

Segundo ela, a participação brasileira no mercado mundial do agronegócio gira em torno de 8%, número irrisório se for parar para pensar no potencial do país. “A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) espera do Brasil o papel de protagonista como fornecedor de produtos agrícolas para o mundo.” Vale lembrar que a porcentagem de circulação de todos os produtos brasileiros é bem menor e fica em torno de 1,4%.

O desafio, para Sande, é aumentar a estatística. A especialista explica que uma boa via de acesso são os acordos internacionais, nos quais são discutidas regras, tarifas e especificações de abertura de espaço para uma desburocratização do processo de compra e venda.

“Existe já uma negociação com a Índia, por exemplo. Hoje temos dezesseis produtos, pautados por um acordo de preferência, mas a ideia é aumentar esse número e discutir uma facilitação, por exemplo, no mercado de frango as taxas giram em torno de 100%.”

Mas as coisas não são tão fáceis assim. Segundo Sande, o comércio agrícola enfrenta diversas barreiras técnicas porque lida diretamente com a segurança alimentar da população, por isso tem critérios tão minuciosos e a tramitação burocrática requer tempo. Outro problema a se vencer é a proteção da indústria nacional. “Quem não está aberto a concorrência, não inova, não procura melhorar”, reitera.

Uma das soluções seria apostar na venda da imagem brasileira como um país de produção sustentável. No dia 21 de julho, inclusive, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi se encontrou com representantes do setor para discutir as ações do novo Programa Acesso a Mercados (PAM- AGRO) que dizem respeito justamente à novas estratégias de abordagem a mercados internacionais. O objetivo do governo é expandir para 10% a participação do país no comércio agrícola mundial, em cinco anos.

Acordo

Na última sexta-feira (29), a negociação para a liberação do comércio bilateral de carne bovina in natura entre o Brasil e os Estados Unidos foi concluído em Washington, durante o IX Comitê Consultivo Agrícola (CCA) dos dois países. A expectativa é de que os embarques do produto sejam iniciados em 90 dias, após a finalização dos trâmites burocráticos e administrativos de ambos países.