Avicultura sofre com preço do milho e crise econômica em 2016

Setor teve que enxugar gastos e se adaptar a novo modelo de consumo; safra robusta do cereal em 2017 pode favorecer indústria

Fonte: Lucas Scherer Cardoso/Embrapa

Como em outras cadeias da carne, a avicultura foi fortemente afetada pelo alto preço do milho em 2016 e pela crise econômica do país, que atingiu o poder de compra dos consumidores. Foi um ano em que o setor teve que enxugar gastos e lidar com os juros dos financiamentos.

“Com 12 milhões de desempregados, fora do consumo, isso é sentido em qualquer setor”, diz o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. 

Aumento do preço da ração das aves não foi repassado ao consumidor

Para driblar os tempos difíceis, a Cooperativa Languiru, sediada em Teutônia (RS), por exemplo, reduziu estoques, demitiu 150 funcionários e deixou de fabricar algumas linhas de produtos. “Nossas indústrias de adaptaram a um modelo no qual o consumidor não tinha mais como comprar produtos de alto valor agregado e optou a produtos menos onerosos”, afirma o presidente da cooperativa, Dirceu Bauer.

De acordo com Turra, da ABPA, o ônus causado pelo aumento de preço da ração das aves não foi repassado ao consumidor. Segundo ele, os custos tiveram alta de 31% ao longo do ano.  “Chegamos ao final com um aumento muito tênue perto da necessidade, para manter o setor ativo”, diz.

O ano também foi desafiador para o criador de frango. Além do aumento considerável no custo de produção, ele teve muitas vezes dificuldades de honrar seus compromissos junto aos bancos. Com altos juros de financiamento, muitos foram impedidos de fazer melhorias na estrutura da propriedade. 

O avicultor integrado Adriano Brochier afirma que faria melhorias em sua granja, caso os juros estivessem na faixa de 2,5%, quando começou. “Eu colocaria cortina automático, melhoraria o sistema de ventilação. Facilitaria para nós e para os frangos”. Por outro lado, ele afirma que os preços recebido pelas aves estão melhores desde outubro. 

Uma safra mais robusta de milho dará fôlego à avicultura, principalmente, às indústrias. “Se tudo correr bem, nós podemos colher umas 30 milhões de toneladas de milho na primeira safra, o que deve ajudar, dependendo também do comportamento do dólar”, estima o analista de mercado da consultoria MB Agro Cesar de Castro Alves.