A produção de uva no Rio Grande do Sul registrou queda nos últimos anos. Mesmo com os números negativos, tem produtor que ainda aposta na cultura. Quem investe afirma que o retorno é garantido.
Ao todo, 161 municípios gaúchos cultivam uvas para a produção de sucos e vinhos. Mesmo com a tradição na cultura, o último levantamento da Embrapa mostra que, de 2011 a 2015, a área plantada diminuiu cerca de 3% no estado. A venda de sucos caiu 15% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2016.
“Acreditamos que é um reflexo da situação política e econômica do país como um todo”, aponta o diretor técnico do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Leocir Bottega.
Notícias Relacionadas
Na propriedade do produtor Jair Nardino, em Guaporé (RS), entretanto, o clima é de otimismo, e os números são favoráveis. Quando começou na atividade, o produtor plantava apenas 0,5 hectare. Agora são oito, e a expectativa é crescer para ao menos 15 hectares.
Guaporé tem 260 hectares ocupados por videiras, que são fundamentais para a economia do município. Na última década, a produção de uva se consolidou pela região.
De acordo com o engenheiro agrônomo Antônio César Perin, a situação possibilitou a produção de quase 4 milhões de quilos e isso vai possibilitar uma receita pública melhor.
“Temos apenas duas mil pessoas em Guaporé no meio rural. No entanto, a uva representa 15% da receita produtiva. Nós somos altamente eficientes, com menos gente, mas com grande capacidade de produção”, conta.
Na área plantada por Nardino, a colheita chega em média a 130 mil kg de uva. O preço nesta safra deixou o agricultor animado. O quilo de uva bordô chega a R$ 1,70. E, se a atividade dá bom lucro, o produtor sonha alto.
Ampliar a área cultivada é o primeiro passo para o agricultor abrir o seu próprio negócio. De olho no futuro da família e na rentabilidade de outros produtores que estão na atividade, Nardino que ter a própria agroindústria.
“Por enquanto, vendo para uma empresa, mas o sonho é de ter o próprio negócio. Eu acho que triplica a renda. Eu penso sim em produzir o próprio produto, suco, vinho”, diz.
Leocir Bottega explica que o aumento do cultivo de uva em outras cidades deve crescer ainda mais, já que falta espaço nas principais regiões produtoras.
“Para o setor como um todo é muito importante, porque a região é tradicional da Serra Gaúcha, onde se iniciou essa produção e tem crescido até o momento. A expansão urbana dessas regiões já não possibilita mais uma ampliação na produção de uvas e vinhos”, aponta.
Mesmo com a leve redução de área, o setor comemora o volume da safra deste ano e espera retomada nas vendas de sucos e vinhos a partir de setembro.
“Temos a expectativa de uma safra histórica mesmo com essa redução de área plantada. Neste ano, por exemplo, teremos mais de 700 milhões de quilos de uvas processadas no estado do Rio Grande do Sul”, completa Bottega.
