Cresce número de demissões na agropecuária

No trimestre até maio, 223 mil pessoas perderam o emprego, na comparação com o mesmo período de 2014

A agricultura é um dos setores que mais demitiram este ano, segundo a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o desemprego no país. Por outro lado, os salários estão maiores e o produtor investindo mais em tecnologia.

Os dados da PNAD Contínua mostram que 223 mil pessoas perderam o emprego no trimestre de março a maio, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação aos três meses anteriores, o número de pessoas empregadas no setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura recuou em 14 mil.

Desde meados de 2011 o setor agrícola apresenta retração nos postos de trabalho. Só a cafeicultura e a produção sucroenergética demitiram nos últimos 12 meses 45 mil trabalhadores.

Apesar do aumento no número de desempregados no trimestre até maio, o setor agropecuário registra salários mais altos e maiores investimentos em tecnologia.

– A gente tem uma substituição de mão de obra por máquinas e equipamentos, isso vai fazer o que: vai liberar mão de obra menos qualificada, porém vai atrair mais mão de obra qualificada. Por isso, a gente está vendo esta dinâmica que aparentemente é contraditória ou seja, população ocupada contraindo, mas os salários crescendo acima da média do restante da economia – diz o analista do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Felippe Serigati.

Mesmo com as demissões e com o aumento dos custos de produção, o analista lembra que a demanda internacional pelas commodities brasileiras continua firme, e o cenário é ainda mais favorável na comparação com o primeiro semestre de 2014.