Dia do Agricultor: a superação de barreiras no meio rural

Produtor que perdeu o pai aos 14 anos conseguiu encontrar o sucesso no campo

Fonte: Canal Rural/reprodução

Para celebrar o dia do agricultor, comemorado nesta quinta, dia 28 de julho, o Rural Notícias exibiu a segunda reportagem da série especial em homenagem aos homens e mulheres do campo. Se nesta quarta a história foi sobre a tradição passada de pai para filho no meio rural, hoje o tema é superação, que tem como personagem principal o agricultor Clóvis Casarin, de Piracicaba, no interior de São Paulo.

A história de Clóvis como produtor rural começa com uma tragédia. Aos 14 anos, ele perdeu o pai em um acidente de carro e foi na dor que ele, ainda adolescente, encontrou a motivação necessária para virar um grande produtor de grãos e de cana-de-açúcar no interior paulista. Na época, ainda nos anos 1960, Clóvis encontrou na lavoura a inspiração para sustentar a mãe e os cinco irmãos menores, incluindo a caçula, que nasceu pouco tempo após a morte de José Joel, seu pai.

“Eu comecei com doze anos, depois eu fiquei órfão aos 14 anos e assumi tudo. A minha irmã nasceu um mês depois e eu coloquei o nome dela de Joelma, em homenagem ao meu pai Joel. Foi um momento difícil, sem dúvida”, disse o produtor.

Vocação rural

Desamparado e sem a figura paterna, Clóvis foi ajudar o avô em uma pequena chácara e acabou descobrindo a vocação para trabalhar com a terra. “Eu nunca desanimei. Eu nunca achei nada difícil de fazer, sempre fui um cara corajoso pra enfrentar as dificuldades. Lembro que naquela época não se respeitava tanto os jovens como hoje, mesmo assim eu comecei a comprar boi com 19 anos, a ser um pecuarista. A gente ficava até meio constrangido em chegar para pessoas de mais idade para negociar ou ir até um banco pedir financiamento”, lembra.

A coragem de Clóvis, no entanto, ganhou uma aliada importante quando ele tinha apenas 20 anos: a cana-de-açúcar. A primeira safra plantada em 1974 superou as expectativas do agricultor, que aproveitou o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro no Brasil para expandir a área plantada e lucrar com a atividade.

“A cana foi o alicerce. Eu nunca tive apenas uma atividade, sempre fiz outras coisas junto, mas a cana sempre foi a base”, disse o produtor, que após construir uma base sólida, passou a investir também em grãos e a engajar a família toda no projeto. Os três filhos se formaram em administração para gerenciar melhor as safras de milho, soja, sorgo e trigo, plantadas na região de Avaré, também no interior de São Paulo.  Atualmente, as culturas rendem 120 mil sacas de grãos por ano à família.

Futuro

Wellington Casarin, filho de Clóvis, faz questão de reconhecer o esforço do pai e espera colher mais frutos no futuro com o apoio da tecnologia. “O que temos aqui é o resultado de um trabalho de uma vida inteira, de um sistema que produz e dá certo. A agricultura está tomando um caminho de modernidade fora do comum e o que precisamos fazer é acompanhar e trabalhar certo”, disse.

Aos 62 anos de idade, Clóvis se sente vitorioso pelo que construiu e pela família que criou, desde os irmãos mais novos até os filhos. Agora, ele espera que o negócio que começou há quase 50 anos seja levado adiante pelas mãos dos filhos, pois, para ele, o sonho já foi realizado.