Greening afeta 30% dos laranjais do interior de SP

Cansados dos prejuízos, alguns produtores já substituíram a cultura doente por lavouras de mandioca, milho e verduras

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

A pior doença que afeta os pomares de laranja do país, o greening, segue dando dor de cabeça aos produtores. No interior de São Paulo, algumas propriedades registraram uma infestação que afeta mais de 30% da produção.

Ao percorrer alguns municípios de São Paulo, com tradição de cultivar laranjas, não é difícil encontrar um cenário bastante triste: mato alto, árvores abandonadas, frutos no chão e o greening reinando absoluto. “Não acreditava que isso aconteceria, mas infelizmente esse pomar, com oito anos, foi tomado pelo greening”, comentou o produtor João Fisher. “Quando começamos, a doença já existia e pensamos que com os cuidados certos e pulverização conseguiríamos evitar o problema. Mas, infelizmente, não teve como.”

Entre tantas doenças que afetam a agricultura mundial, o greening é um dos maiores problemas. Ela afeta a árvore deixando as folhas amareladas e o fruto não amadurece . No sítio de Fisher, todos os 1.300 pés de laranjas serão erradicados. Outras mil já foram retiradas. “Vamos mudar o plantio para mandioca, milho verde e legumes. Infelizmente teremos que esquecer da laranja aqui. Não está valendo a pena manter, pois não conseguimos produzir. Plantamos e em 2 ou 3 anos o greening devasta tudo”, afirma o produtor.

Das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo Mineiro, a região sul que envolve Limeira e Porto Ferreira é a mais castigada, com cerca de 30% de plantas doentes. No sítio de 10 hectares de Adriano Camargo a situação é a mesma de Fisher. Só que aqui a produção continua com 50% da capacidade produtiva. “Faz uns três anos que nosso pomar foi contaminado. Metade da área a planta até dá o fruto, mas aborta na sequencia. Ou seja, uma parte não rende nada e a outra ainda pode ficar igual”, conta Camargo. “Vou continuar com a cultura até onde for viável.”

Segundo a engenheira agrônoma da Casa de Agricultura de Limeira, Carla Maria de Meo, quanto menor a propriedade maior a incidência da doença. E a pior parte, não há nenhuma variedade resistente à doença ainda.

Para quem começou a presenciar o problema no pomar, e engenheira destaca alguns passos importantes para tentar controlar o problema. “O primeiro passo é cuidar do solo, seguir as recomendações agronômicas principalmente em relação à calagem e a matéria orgânica. Outra medida é criar um quebra-vento para proteger a cultura, já que a doença pode viajar pelo ar”, garante ela. “A recomendação da Fundecitrus é participar do alerta fitossanitário, que é um programa de monitoramento da praga, que aliada às recomendações de pulverizações funcionam muito bem. Através disso, um grupo de produtores que participa faria o controle da mesma época e com o mesmo princípio ativo.”