Importação de milho faz preço da saca cair R$ 10 na região do Matopiba

Com quebras na safra de primeira e segunda safras e perdas acima de 50% na soja, valor do grão vinha garantindo um mínimo de rentabilidade aos agricultores da região

Fonte: Luiz Carlos / Arquivo Pessoal

A autorização para importação de milho anunciada pelo ministério da Agricultura foi um balde de água fria para os produtores rurais da região do Matopiba, formada pelo estado do Tocantins e áreas do Maranhão, Piauí e Bahia. Depois de perdas acima de 50% na safra da soja e quebras no milho de primeira e segunda safra, era o valor do grão que vinha garantindo um mínimo de rentabilidade aos agricultores da região, mas tudo mudou com a medida do governo.

Historicamente produzindo uma média de 80 sacas por hectare, a segunda safra também não escapou do clima que vem castigando a região. A média baixou para 40 sacas e, com menos oferta, o valor da saca chegou a R$ 53 antes do anúncio do governo.

O produtor rural Valdemir Luiz Rosseto esperava colher 90 sacas por hectare, mas ele deve produzir apenas 16 sacas em algumas áreas. Para piorar a situação, em um curto espaço de tempo o preço caiu R$ 10.

“Temos esperança em recuperar o mercado porque, mesmo trazendo milho importado, fica caro para eles trazerem os primeiros navios e a qualidade do milho não é a mesma do que produzimos aqui. Mas não vou negar que essa ação do governo interferiu no nosso negócio, mas, infelizmente, as decisões são mais políticas do que técnicas”, disse o produtor.

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária no estado do Maranhão, Raimundo Coelho, criticou a liberação da importação do milho justamente neste momento crítico. “Até parece que o setor que mais contribui com o Brasil nos momentos de crise é culpado de tudo isto. A média de quebra aqui na região é 40%, muito significativo. A crise política coloca governos que querem acenar perante a população com medidas que possam estar agradando a população, mas está quebrando o setor que sustenta a economia do Brasil, que é o agronegócio”, disse.