Plano ABC indica redução de 2 bilhões de toneladas de CO2 em 11 anos

Tecnologias disponíveis no país poderiam recuperar 52 milhões de hectares de pastagens degradadas

Quase 2 bilhões de toneladas de gás carbônico no ar a menos, em apenas 11 anos. O Brasil pode conseguir esta redução, segundo concluiu um estudo apresentado nesta quarta, dia 1º de julho, em São Paulo, pelo Plano ABC, a agricultura de baixo carbono.

A pesquisa projetou os resultados de emissões de carbono em dois cenários até 2023: com ou sem adoção de tecnologias, numa área de 52 milhões de hectares de pastos degradados.

– Nós usamos os dados de projeção de expansão da agricultura até o ano de 2023, feitos pelo Ministério da Agricultura e pela Fiesp e comparamos os dois. As diferenças são mínimas em termos de projeção de crescimento. E em cima dessa projeção de crescimento, nós isolamos uma área de 52 milhões de hectares que é aquela área que nós consideramos de pastos degradados, então toda melhoria seria feita dentro do que é ruim – explica Eduardo Assad, coordenador do estudo.

O levantamento destaca que com a recuperação de pastagens, integração Lavoura-Pecuária e Lavoura-Pecuária-Floresta, o país pode reduzir, em 11 anos, 1,8 bilhão de toneladas de CO2.

– O potencial brasileiro é muito relevante, há todo um esforço, tecnologia, e eu entendo que há motivação do setor privado também, em função de evoluirmos para uma agricultura de maior sustentabilidade – aposta o diretor da Embrapa, Ladislau Matin Neto.

agropecuária brasileira é a principal emissora de gases de efeito estufa, 32% do total nacional, segundo o estudo. A região que mais demanda recuperação de pastos e técnicas de baixa emissão é a Centro-Oeste. Os estados do Pará, Bahia e Minas Gerais apresentam as maiores áreas de pasto devastado. Já na agricultura, o milho foi o campeão na emissão de gases de efeito estufa. 

– Hoje é o milho, porque usa muito nitrogênio, os pastos degradados e os pastos mais mal manejados. Então, a ideia é fazer com que isso funcione. Nós temos essa tecnologia, nós sabemos fazer isso, nós temos os recursos da agricultura ABC, precisamos expandir – reforça Assad.

O estudo vai contribuir para a elaboração de novas metas de redução de gases de efeito estufa na agricultura brasileira. A melhora nas práticas de baixo carbono foi um dos compromissos firmados ontem pela presidente Dilma Roussef junto ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em um encontro diplomático. 

– O Brasil tem procurado firmar compromissos e posicionamentos que auxiliem na negociação internacional de Paris, no final do ano. Essas declarações são de aspirações, mas que mostram o Brasil firmemente comprometido em algumas ações na área de desmatamento, recuperação florestal, recultura de baixo carbono, energias renováveis. Mas são ainda declarações de princípios de intenções, mas que vão criando um momento, um ambiente para que em Paris haja uma negociação global que seja do interesse de todos – diz o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Francisco Gaetani.