Precisa comprar fertilizantes? Esta é a hora certa, dizem analistas

Relação de troca estaria favorável ao produtor, que deve travar o valor da saca de grãos no momento da aquisição do adubo

Fonte: Bruna Essig/Canal Rural

A relação de troca entre fertilizantes e soja está bastante favorável ao produtor rural, de acordo com os dados da prévia do mês de março, levantados pela FC Stone. Para a compra de uma tonelada de adubo, a consultoria estima que o agricultor gaste o equivalente a 17 sacas do grão. Por essa razão, especialistas recomendam que o produtor trave o valor da saca no momento da aquisição do insumo.

O analista de mercado de fertilizantes da FC Stone, Marcelo Mello, recomenda que o agricultor se proteja porque seria muito complexo avaliar, neste momento, se o dólar está barato ou não. A saída estaria em fazer uma venda de valor equivalente ao do produto cultivado. 

“Uma venda antecipada, só uma parte da produção, para que garanta minimamente o valor do dólar. Se, eventualmente, ele fizer a venda do produto como um todo, aí garante inclusive a relação de troca, é melhor ainda, pois estará comprando fertilizantes e pagando determinado número de sacas. Se a soja estiver mais barata no ano que vem, a relação de troca vai ter se deteriorado”, diz Mello.

A tendência de valorização do real deve continuar, de acordo com o economista Roberto Troster, mas com volatilidade. “(Isso) por conta da estrutura de mercado cambial no Brasil e do ambiente político em Brasília”, diz.

Segundo Troster, essa volatilidade é explicada por três fatores. O primeiro deles é o menor crescimento do mercado: com isso, importa-se menos e ficam mais dólares no país. Outro fator é a supersafra, que fará com que entre mais moeda americana do que o esperado. A terceira explicação seriam a quedo do risco-país e a manutenção do diferencial dos juros altos. “Mais dólares vão entrar aqui, e com isso eles se tornam ‘mais baratos’”, afirma o economista.  

Mercado

As entregas de fertilizantes no primeiro bimestre de 2017 tiveram alta de 6,5% na comparação com o ano passado. O motivo teria sido a melhora na relação de troca. No caso da soja, o produtor precisava em janeiro de 2016 de 21 sacas para comprar uma tonelada do insumo; já em janeiro deste ano, foram necessárias 20 sacas, uma redução de 4%.

O presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), David Roquetti Filho, afirma que, enquanto isso, a cotação da soja teve redução de 4,83%. “Quando você olha o preço médio dos fertilizantes utilizados para essa cultura no mesmo período, você vai ver que houve uma redução de 9%”, relata. 

Dessa forma, diz Roquetti Filho, a redução de 4% equivale a uma saca de soja a menos para adquirir a mesma tonelada de fertilizantes. “Então se caracteriza uma relação de trocas motivadora”.