Preço do feijão está 30% abaixo do esperado em Minas Gerais

Baixas cotações fazem com que produtores percam interesse pela cultura, avaliando o milho como opção

Fonte: Roberta Silveira/Canal Rural

Após atingir patamares recordes em 2016, o preço do feijão voltou a cair. Em Minas Gerais, os preços estão 30% abaixo do esperado para este período e os produtores temem ficar no prejuízo.

O agricultor Marcelo de Oliveira vai começar o plantio do feijão após a colheita de soja e milho. Apesar dos preços baixos no mercado, o agricultor planeja investir em 300 hectares do grão em sua fazenda, localizada em Conceição das Alagoas, no Triângulo Mineiro. “Acho que pouca gente vai plantar feijão na cidade. Vou na contramão para ver se acerto”, diz o produtor. “Além de fazer rotação de cultura e um ciclo mais que é o feijão, quero ver se consigo preços melhores”.

A saca de 60 kg do feijão-carioca comercial, principal variedade do mercado, está com preço médio de R$ 102, valor 47% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Para o analista de mercado Auro Nagay, o valor é bem abaixo dos R$ 150 previstos.

“O mercado está operando muito abaixo do habitual. A produção nessa primeira safra será cerca de 20% superior ao ano passado e esse aumento de oferta, somado à queda no consumo, explica o cenário baixista”.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção total esperada para a primeira safra de feijão em Minas Gerais é de 215 mil toneladas, alta de 12% em relação ao ciclo anterior. Para a segunda safra do grão, os números são incertos.

O produtor Márcio Leandro Alves, por exemplo, ainda não decidiu se vai optar pelo milho ou feijão. “Estamos indecisos, já que o preço do milho este ano está atrativo, abrindo certa concorrência. Vamos aguardar o início da colheita de soja para definir. Neste momento, estamos analisando custo e perspectiva de mercados”.

Na opinião de Auro Nagay nem tudo está perdido. O analista acredita na possibilidade de melhoria dos preços ao longo do primeiro semestre. “O que pode acontecer é esses preços baixos refletirem no plantio da segunda safra que vai começar, fazendo com que muitos produtores percam o interesse pela cultura. Podemos acabar vendo cotações melhores a partir de março, abril, maio e junho, ou seja, mais para a frente”, projeta Nagay.