Preços caem e dão prejuízo a produtores de cenoura em Minas Gerais

Valor recebido na venda não chega perto do gasto para produção no triângulo mineiro 

Fonte: Pixabay/divulgação

Produtores de cenoura de Minas Gerais trabalham no vermelho neste início de ano. Com o aumento da oferta, os preços caíram pela metade e não cobrem os custos de produção. 

Na lavoura de Valdir Trisóglio a conta é para saber o tamanho do prejuízo. O agricultor começou a colher parte dos 36 hectares da safra de inverno em Santa Juliana, no triângulo mineiro. Ele conta que já vendeu mais da metade da produção com preços abaixo do esperado. 

“A cenoura está com preço ruim desde junho de 2016. Novembro e dezembro eu vendi em torno R$3,00 a caixa de vinte e nove quilos e o custo de produção dela é de R$ 8”, afirma Trisóglio. 

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em dezembro, o preço médio da caixa de 29 kg da cenoura “suja” na região foi de R$ 4,65, valor 30% menor do que o custo de produção estimado. 

No primeiro trimestre do ano passado os preços dispararam e a caixa de 29 kg da cenoura suja chegou a ser comercializada a R$ 60. O cenário positivo gerou aumento de área plantada e atraiu novos produtores. Resultado: houve aumento de oferta e os preços caíram.

O produtor afirma que os preços neste começo de ano voltaram a subir, mas ainda estão abaixo do esperado. 

“Eu vendi agora em torno de R$ 8 a caixa, mas não é suficiente. Teria que ser no mínimo R$ 15 a caixa”, lamenta. 

Outro fator que preocupa os agricultores é o aumento no custo de produção. Em 2016, o valor gasto com a cultura variava entre R$ 14 e R$ 17 mil por hectare. Agora, os produtores estimam gastar entre R$ 20 e R$ 23 mil. 

“Entre 70% e 80% dos nossos produtos são cotados em dólar, inclusive a semente que teve um aumento entre 20% a 25% em relação ao ano passado”, destaca o técnico agrícola Fernando de Jesus Dias. 

A boa notícia é que o clima na região tem favorecido o plantio da safra de verão, e a produtividade deve ser maior. Valdir Trisóglio, por exemplo, acredita que vai colher 1500 caixas por hectare. A esperança é que o aumento da produtividade compense a queda nos preços.