Produtores do Paraná calculam fretes mais altos por causa das chuvas

Pontes caídas e acessos bloqueados obrigam agricultores a buscar rotas alternativas para escoar a produção, ampliando os gastos

Lavouras prejudicadas e estradas destruídas, que impedem o escoamento da produção. Esse é o cenário de Londrina (PR), após as chuvas dos últimos dias. Com acessos bloqueados e pontes levadas pela enxurrada, produtores terão que buscar caminhos alternativos para escoar a safra, elevando os gastos com frete.

Em apenas um dia, choveu 300 milímetros na cidade, a média do mês inteiro. Isso causou o alagamento de bairros e queda de pontes, isolando comunidades rurais. O governo do estado já prometeu recursos para reparar os danos, mas os produtores temem que a ajuda chegue tarde demais.

O solo já absorveu boa parte do excesso de água que caiu na região desde o início da última semana. Mas ainda há locais onde brota água no meio da lavoura. Na propriedade de Vilson Mouro, os 80 hectares de soja podem perder 15% da produção.

Ele afirma que, nos 70 anos em que o pai está na fazenda, nunca se viu uma situação dessas na região. “Estamos sem estrada, sem ponte. É o fim da agricultura, se continuar assim”, diz.

“O que mais me preocupa são os contratos futuros de soja. Se soubesse, jamais teria feito”, queixa-se o produtor rural.

O maior problema da região são as estradas que dão acesso às propriedades rurais. Somente veículos com tração nas quatro rodas conseguem chegar a alguma delas. A 30 dias da colheita, o produtor rural José Roberto Mortari preocupa-se com o escoamento dos grãos. A solução será fazer uma rota alternativa, mas isso, segundo ele, vai praticamente dobrar o valor do frete.

Mortari conta que realizou a drenagem de um lago com dois tubos de 1 m de diâmetro. Mas a água das chuvas bloqueou a entrada da propriedade e agora será preciso contratar uma máquina para refazer o trabalho.

Os prejuízos na área rural ainda não foram calculados. O secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Vitor dos Santos Junior, disse que a normalização as atividades deve ocorrer ao longo do ano. Ele sugere que, inicialmente, os produtores busquem rotas alternativas para ter acesso à cidade.