Pronaf completa 20 anos com crédito reduzido

Bancos estão fazendo uma série de exigências aos produtores 

O Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) completa 20 anos em um momento de restrição de crédito e mais exigências para os produtores acessarem os recursos. A iniciativa, criada em 1995, foi um dos fatores que contribuíram para o crescimento das pequenas propriedades. Mas com a crise econômica, as exigências dos bancos aumentaram. Em julho e agosto de 2014, as instituições financeiras já haviam liberado mais de R$ 2 bilhões em linhas de investimento. Neste ano, o valor foi de apenas R$ 605 milhões de reais.

Para o secretario executivo do conselho estadual do Pronaf em Santa Catarina, Airton Spies, cerca de 70% dos recursos são aplicados para custeio e isso não ajuda a fixar o homem no campo.

– Nós achamos que o Pronaf poderia ser uma política de crédito voltada para investimento daquilo que deixa um legado estruturante nas propriedades e que ele passe a ser de longo prazo. Não precisa pegar o dinheiro e devolver todo ano e buscar o mesmo dinheiro, nós queremos um crédito de 15 a 20 anos voltado a investimento – disse.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, quer que o governo destine mais recursos para a agricultura familiar, retirando das linhas que financiam as grandes propriedades. 

– Acho que grande parte da agricultura patronal, alguns determinados setores tem condições de negociar diretamente com os bancos privados, podem dar um passo a mais. Acho que o dinheiro mais público dos bancos públicos tem que priorizar a agricultura familiar – afirmou.

Para aprimorar o Pronaf, o Ministério do Desenvolvimento Agrário está reestruturando a assistência técnica no Brasil dentro de um novo modelo, com a coordenação ficando por conta da Agencia Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), criada em 2013, mas cuja diretoria só tomou posse neste ano.

– Acreditamos que a partir do ano que vem. Nós já teremos condições de estar implementando os serviços de contratação direta pela Anater, bem como vamos trabalhar em um grande programa de capacitação porque este novo formato de medir resultados gera um processo de capacitação – disse o presidente da Anater, Paulo Guilherme Cabral.