Saiba como as melhores frutas do Brasil viajam para o exterior

Produtores do Vale do São Francisco aumentam embarques para o exterior em 70%, mas enfrentam dificuldades para distribuir suas uvas e mangas aqui no Brasil

Fonte: Canal Rural/reprodução

A demanda para exportar frutas produzidas no Vale do São Francisco pelo aeroporto de Petrolina (PE) aumentou 70% no primeiro semestre deste ano. No entanto, os produtores da região ainda têm grande dificuldade para transportar frutas no mercado interno. 

Mangas e uvas são os principais produtos exportados do. or incrível que pareça, a maior dificuldade do setor é conseguir o transporte das frutas para o mercado interno./ a escassez de frete seria um reflexo da crise econômica do país.

O produtor de uvas Edson Gonçalves produtor de uva afirma que o mercado brasileiro, embora interessante, é bem menos rentável do que o internacional, razão pela qual as exportações se tornaram o foco dos fruticultores da região. 

O Vale do São Francisco embarca 700 mil toneladas de frutas por ano, principalmente manga e uva. Para chegar ao destino final, o produto viaja milhares de quilômetros. De Petrolina, saem voos com destino a Luxemburgo, na Europa, e a Gana, na África. 

A expectativa do superintendente do aeroporto, Moysés Barbosa da Silva Filho, é de que essa movimentação cresça neste período, quando ocorrem mais voos extras, havendo maior disponibilidade de espaço no porão das aeronaves para embarcar as frutas.

A pista do aeroporto de Petrolina tem mais de 3 mil metros, comprimento necessário para receber os aviões de grande porte que fazem o transporte de frutas. Os cargueiros são carregados apenas durante a madrugada, quando é mais fresco.

O transporte aéreo custa o triplo do marítimo, que também é utilizado pelos exportadores da região. Ainda assim, a demanda pelo frete aéreo é grande. Um dos maiores produtor de frutas do vale, Suemi Koshiyama afirma que faz 90% do transporte por navio, já que o frete aéreo encarece o preço final do produto. Somente cargas especiais seguem ao destino por via aérea, como mangas maduras e sem fibras apreciadas pelo mercado francês. 

Mercado interno

Koshiyama queixa-se, no entanto, da dificuldade de conseguir caminhões para transportar frutas pelo território nacional. Ele envia carregamentos para praticamente todos os grandes centros consumidores brasileiros, mas a distribuição está sendo comprometida. “Nós temos carga vendida que deveria estar viajando neste final de semana, mas, como não encontramos caminhão para carregar, as frutas vão ficar aqui até aparecer algum”, diz.

Com menos caminhões, o frete está 30% mais caro que no ano passado. O problema também atinge a Cooperativa Agrícola Juazeiro da Bahia (CAJ). O gerente comercial da empresa, Edivaldo da Silveira dos Santos Jr., calcula que faltem cinco caminhões para dar suporte às vendas de frutas. “Isso significa que parte das vendas eu vou conseguir escoar, mas outra parte vai ficar à mercê de encontrar um caminhão que faça o transporte para o Sul e o Sudeste”, afirma.

A dificuldade em conseguir transporte seria uma consequência da crise econômica. Geralmente, os caminhões chegam ao vale com outras mercadorias e levam as frutas no retorno. Com menos caminhões levando encomendas para a região, faltam opções para distribuir frutas em outros estados. Quem transporta as cargas também reclama do aumento dos custos, que desestimularia a oferta de frete.

É o caso do caminhoneiro Alex Andrade da Silva, que leva uva, manga e goiaba para Belém (PA). “Com a crise, agora que está ruim mesmo para a gente trabalhar com frete, porque com óleo diesel caro, pedágio caro, não está compensando.”