São Paulo é destaque no agronegócio por conta da alta produção do estado, da qualidade dos produtos e da logística rodoviária e ferroviária. No Porto de Santos, por exemplo, 70% dos grãos chegam de trem. Tudo isso pode deixar o próximo governante numa situação muito confortável, mas ainda há muito o que fazer. Entre as demandas que o agronegócio paulista apresentará ao novo governador está o investimento em infraestrutura, conta o diretor da Associação Nacional de Exportação de Grãos (Anec), Sérgio Mendes.
Segundo o dirigente, o estado de São Paulo não explora como deve as hidrovias. “Temos a Tietê-Paraná e ela não pode fechar, por exemplo, por problema de energia. A Agência Nacional das Águas (ANA), responsável pela regulamentação, não pode permitir que aconteça novamente”, defende.
O setor produtivo também enfrenta muita burocracia para conseguir avançar, segundo a Sociedade Rural Brasileira (SRB). Algumas leis discutidas há décadas seguem sem definição, o que segura investimentos.
“A primeira questão é referente ao Código Florestal. A lei estadual foi suspensa pelo Judiciário. As entidades e a secretaria de Agricultura tentaram fazer algo, mas nada muito efetivo. Quatro anos de suspensão, e o produtor com essa insegurança”, cita o diretor executivo da SRB João Fernandes. Outro tema relevante, segundo ele, é a regularização fundiária do Pontal do Paranapanema. “A região sofre com a questão da segurança jurídica, onde os produtores não conseguem títulos de terra. Ela não recebe grandes investimentos e sofre com invasões”.
O que sinalizaram os candidatos?
Márcio França (PSB) e João Dória (PSDB) disputam a corrida para o governo de São Paulo. Na última pesquisa do Datafolha, o tucano aparece à frente com 52% dos votos válidos contra 48%. Levando em consideração a margem de erro de 2%, isso configura empate técnico.
Ambos, no entanto, não propõem soluções para os problemas da agropecuária em seus planos de governo. Além dos citados pelas entidades, somam-se também o manejo de javalis e a exportação de gado vivo, que causaram polêmica durante a gestão de Geraldo Alckmin — o ex-governador deixou o cargo para concorrer à Presidência da República.