A colheita da soja segue acima da média das últimas cinco safras em Mato Grosso. Apesar do avanço, muitos produtores ainda estão com dificuldades por causa do excesso de chuvas no campo. Chuva que faltou durante a etapa de desenvolvimento da cultura, já que a estiagem reduziu aproximadamente 10% do potencial produtivo da lavoura.
“Já estou com 800 hectares no ponto de colheita, mas a lavoura está alagada e não estamos conseguindo entrar com as máquinas. A gente já perdeu um pouco por causa da seca e agora teme perder por excesso de chuvas, pois se chover mais três dias seguidos, a soja já começa a brotar no pé”, disse, apreensivo, o produtor Luiz Carlos Raimundo.
Em apenas uma noite, foram mais de 60 milímetros de chuva que tiraram o sono do agricultor. Dos 3,5 mil hectares cultivados, o produtor colheu apenas 1.000. Para tentar aproveitar ao máximo os intervalos de sol, ele reuniu todo o maquinário, mas o trabalho não tem evoluído.
Para não perder soja, a colheita é feita mesmo com a umidade do grão elevada, o que gera prejuízos. “Tem outros campos no ponto, mas a máquina segue parada. A umidade na faixa de 18, 19% como tivemos nos outros dias, mas agora a umidade bate nos 22%. A gente não perde o ponto, mesmo com um pouco de perda, estamos soltando as máquinas e trabalhamos com um secador, que ajuda um pouco. É o que temos que fazer, pois se esperar, acaba não colhendo”, contou.
A colheita na região está atrasada em relação ao ano passado. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Diamantino, José Cazeta, pouco mais de 30% foram colhidos até agora, o que pode comprometer a janela da segunda safra.
“Hoje a colheita está sendo feita aos pedaços. Como não era chuva parelha, chegamos em fevereiro com muita área ainda começando e com muita gente que ainda nem começou a colheita. Muitas áreas serão colhidas em março, ao contrário do ano passado, quando todo mundo acabou bem antes da virada do mês”, falou.
Em Campo Novo do Parecis, a colheita está mais avançada. Segundo o sindicato rural, mais da metade dos 410 mil hectares cultivados já foram colhidos. Quanto ao clima, duas situações distintas: nessa primeira fase da colheita muita comemoração, mas o restante da safra ainda é motivo para preocupação.
“Teve um clima atípico com pouca umidade desde a época do plantio, com chuvas bem abaixo da média, sem chuvaradas. Isso fez com que a soja crescesse muito sadia, com muito pouca presença de doenças, o que resultou em boas médias na colheita. Difícil ouvir falar em média abaixo de 60 sacas, com talhões acima de 80 sacos”, avaliou o presidente do sindicato rural de Campo Novo do Parecis, Antônio César Brólio.
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No entanto, já de olho nos próximos dias, Brólio já trabalha com um pouco mais de preocupação. “Nos últimos dois dias começou chover bem mais aqui no município, e esses outros 50% vamos tirar dentro do mês de fevereiro. Nos próximos 15 dias precisamos tirar essa soja do campo, senão podemos perder soja, ou o grão perder peso. Precisamos colher uma média boa para a soja se pagar. Os preços não são bons, então a gente precisa realmente fechar perto dos 70 sacos para não ter prejuízo”, completou.