Há mercado de sobra, diz produtor de grão-de-bico

Única área comercial do produto no Brasil, Cristalina (GO) espera produzir 500 das 8 mil toneladas que o país consome por ano

Os produtores de Cristalina (GO), única área comercial de grão-de-bico do Brasil, esperam colher 500 toneladas do produto. Além de recomendar a cultura para diversificar áreas irrigadas, eles afirmam que há mercado de sobra para o produto.

No ano passado, o produtor Osmar Artiaga plantou 17 hectares de grão-de-bico para testar o desempenho da cultura. O resultado foi tão bom que, na atual safra, a área cresceu para 250 hectares, divididos entre duas propriedades vizinhas. Acabou tornando-se a primeira lavoura que produz o grão comercialmente no Brasil.

A colheita ainda não terminou, mas a expectativa é que alcance cerca de 500 toneladas, com uma produtividade que deve girar entre uma e duas toneladas por hectare. O preço varia de US$ 700 a US$ 850 por tonelada. “O país consome algo em torno de 8 mil toneladas por ano. E todo grão-de-bico é importado. A ideia é tentar, pelo menos, fazer um pequeno lote pra começar no mercado”, diz Artiaga.

A opção pelo grão-de-bico veio da necessidade de diversificar a produção nas áreas irrigadas. “Essa foi uma aposta da fazenda para que a gente buscasse uma cultura que usasse menos água”, diz Éder Lourenci, engenheiro agrônomo

A quantidade de água necessária para obter os melhores resultados na lavoura ainda está em teste. Na safra passada, a produtividade chegou a três toneladas por hectare, com uma média de 25 milímetros de água por semana, mas o custo de produção subiu. Neste ano, o volume semanal foi reduzido para 10 milímetros, e a produtividade caiu.

“Mesmo com essa produtividade baixa que estamos tendo este ano, a ideia seria que desse uma rentabilidade em torno de 30% líquido”, afirma Artiaga.

Os produtores ainda não têm um cálculo definitivo, mas estimam que os custos de produção do grão-de-bico girem em torno da metade do custo do feijão irrigado. O valor é considerado baixo. Um dos motivos é a pouca necessidade de investimento em agroquímicos: cerca de 80% a menos do que no feijão, mas com uma rentabilidade semelhante.