Agricultura

Paulo Teixeira diz que vai sugerir ao MST que negocie com a Suzano

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar disse que foi procurado pelo vice-presidente da Suzano

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que vai sugerir ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ‘negocie’ com a empresa Suzano.

Na segunda-feira (27), o MST invadiu três fazendas de monocultivo de eucalipto da Suzano nas cidades de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas, no sul da Bahia.

O ministro contou à CNN, que foi procurado pelo vice-presidente da Suzano, que reportou ao ministro a situação nas fazendas.

“Vou ligar para o MST e sugerir que possam negociar soluções em relação ao terreno [em Mucuri]”, disse Teixeira.

Segundo o ministro, existe um conflito há quase dez anos na área, e a invasão teria relação com a retomada das negociações entre o MST e a Suzano.

“A equipe do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome vai recuperar junto com a Suzano a negociação. Vamos enviar o pedido de negociação da área e teremos reuniões com os dois na semana que vem”, acrescentou Paulo Teixeira. “Vamos tratar os conflitos buscando que sejam resolvidos mediante diálogo e dentro da Constituição. Espero que esse [caso] seja solucionado da melhor maneira possível”, completou o ministro.

Incra

O movimento atribuiu as ocupações à demora do governo em nomear o comando nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Líderes sem-terra reclamam também do que consideram uma lenta substituição nas superintendências estaduais.

As invasões contrariam o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na campanha eleitoral, o petista chegou a dizer que o MST não ocupava propriedades produtivas, como são as áreas da Suzano.

O ministro do Desenvolvimento Agrário afirmou ainda que a ocupação não tem como objetivo a área em questão, mas sim a retomada da negociação.

Teixeira afastou também as críticas de que a invasão teria relação com a não nomeação da diretoria do Incra.

“Não tem nenhuma conotação dessa natureza. Primeiro lugar que cargos do Incra já foram todos resolvidos. Claro, tem um procedimento para nomear os cargos, a pessoa passa por um estudo pela vida pregressa. Mas os nomes já foram todos encaminhados, então não se trata de nada disso. Direção do Incra está definida. Se trata de um conflito na Bahia que agora vou me debruçar sobre isso”, concluiu.

Decisão judicial determina retirada do MST

A Suzano conseguiu na Justiça da Bahia a reintegração de posse de uma fazenda invadida por integrantes do MST, na cidade de Mucuri.

A decisão do juiz Renan Souza Moreira autoriza o uso da força policial, caso necessário, e estabelece multa de R$ 5 mil por dia aos sem-terra em caso de descumprimento.

As ações de reintegração de posse das outras áreas da Suzano, ocupadas nos municípios de Caravelas e Teixeira de Freitas, ainda estão em análise.

A invasão gerou reações de entidades do agronegócio, que condenaram a ofensiva dos sem-terra, afirmando que ela pode alimentar a polarização ideológica e gerar insegurança jurídica, afastando investidores.

O MST afirma que as invasões tiveram como objetivo pressionar a Suzano a cumprir um acordo feito em 2011, que determinava que a empresa destinasse uma área para assentar 650 famílias, mas só destinou para 250.

A empresa afirma que não houve descumprimento.