Associação diz que etanol melhorou arrecadação dos municípios e gastos sociais em Mato Grosso do Sul

Entidade rebate pesquisa que diz haver aumento da exploração sexual em cidades onde cresce a produção de etanolA Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) contesta a pesquisa que aponta relação entre a expansão da produção de etanol e o aumento da exploração sexual em cinco cidades de Mato Grosso do Sul (Sidrolândia, Maracaju, Nova Andradina, Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante).

O presidente da entidade, Roberto Holanda Filho, disse que as usinas participam do projeto Vira Vida, do Serviço Social da Indústria (Sesi), que combate a exploração sexual e promove atividades para crianças e adolescentes que tenham sido abusadas.

Além disso, de acordo com o dirigente, as usinas que se instalaram nos últimos anos em Sidrolândia, Maracaju, Nova Andradina, Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante destinam anualmente cerca de R$ 3,3 milhões para projetos sociais que atendem mais de mil crianças e jovens de até 16 anos. Eles têm acesso a aulas de reforço escolar e de informática e à qualificação profissional, entre outros serviços.

Segundo Holanda Filho, a presença das usinas incrementou sensivelmente a arrecadação dos municípios e a disponibilidade de recursos para investimento na área social. Segundo ele, estudo em andamento na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) já demonstra os efeitos na receita dos municípios.

? Tive acesso a dados preliminares e pude ver que no município de Rio Brilhante o crescimento da receita variou em torno de 430%, de 2005 até hoje. Do total da arrecadação, 77% são oriundos do próprio setor sucroenergético ? contabilizou.

A secretária de Assistência Social de Rio Brilhantes, Adriana Correia de Oliveira, contesta a metodologia da pesquisa.

? Não concordamos com a maneira como a pesquisa foi conduzida. Não foi aplicado nenhum questionário, não foi feito de fato nenhuma pesquisa. As empresas (usinas) não foram sequer visitadas para saber o perfil dos empregados.

A secretária afirmou que o município “não sentiu” aumento da exploração sexual, como aponta a pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Inovações Pró-Sociedade Saudável ? Centro Oeste (Ibiss/CO).

? Os casos mais relevantes que temos aqui são de negligência familiar e de violência psicológica, e não os casos de exploração e abuso sexual como foi induzido pelas pessoas que estavam coordenando o colóquio ? disse Adriana, ao mencionar reunião que os pesquisadores do Ibiss/CO promoveram com gestores públicos no ano passado.

Ela informa que o aumento da arrecadação permitiu a oferta de mais moradia e a estruturação, no ano passado, do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas). De acordo com a secretária, o município tem conselho tutelar autônomo, eleito regularmente e fiscalizado pela Justiça e pelo Conselho Municipal de Proteção de Crianças e Adolescentes.

Uma análise feita pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ligada à Universidade de São Paulo (USP), avalia que o setor sucroalcooleiro tem mudado de perfil com a mecanização das lavouras, diminuição do número de trabalhadores sazonais e imigrantes no corte de cana, aumento da faixa etária e da escolaridade dos empregados.

O estudo Impactos do Setor Sucroalcooleiro na Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em Mato Grosso do Sul foi encomendado pelo Comitê de Enfrentamento da Violência e da Defesa dos Direitos Sexuais de Crianças e Adolescentes de Mato Grosso do Sul (Comcex).