Quebra de safra de café no Espírito Santo exige monitoramento, diz governo

Endividamento é um dos principais fatores de preocupação, diz André Nassar

Fonte: Canal Rural

Por causa da quebra da safra de café no Espírito Santo, o Ministério da Agricultura anunciou que fará um monitoramento intenso no estado. O secretário de Política Agrícola, André Nassar, que participou da divulgação do 3º Levantamento de Safra 2014/2015 de Café na manhã de terça, dia 29, disse que o endividamento é um dos principais pontos de preocupação.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou hoje que o Espírito Santo vai reduzir a produção em 19%, caindo de 12,81 milhões de sacas para 10,38 milhões.

 Diante disso, a rentabilidade do produtor deve ter forte impacto. Estimativas da Conab revelam que a receita bruta da região deve cair 4,72% nesta safra e, não fosse a alta do dólar, o tombo teria sido ainda maior.

– O ponto de atenção na política agrícola é o Espírito Santo. Temos de acompanhar de perto o nível de endividamento lá. Temos um cenário favorável de mercado, mas ruim do ponto de vista de renda por causa da quebra de safra. Tem de ficar de olho no que vai ocorrer lá. É o ponto de atenção mais importante – afirmou Nassar. 

Segundo Nassar, quem tem café de qualidade vai ter renda porque os preços melhoraram, já que a produção diminuiu.

– Estamos fazendo pente fino no Espírito Santo para ver como vai ser a evolução da renda por lá. Não estou tão preocupado com São Paulo e Minas Gerais (regiões que também apresentaram perdas) porque o grau de endividamento por lá não é tão relevante. Estou mais preocupado com o Espírito Santo – ponderou. 

 O estado do Sudeste é o maior produtor de café da variedade conilon (robusta) e teve a safra afetada em decorrência de uma forte seca. Segundo a Conab, o recuo é de 7,96 saca por hectare na região. A Conab explicou que as lavouras na região foram afetadas por “déficit hídrico, elevadas temperaturas e grande insolação”.

Os problemas climáticos, ainda de acordo com a companhia, ocorreram em dezembro de 2014 e janeiro e fevereiro de 2015, período de formação e enchimento de grãos, o que levou à má formação, deixando os grãos menores e mais leves. 

Queimadas

A questão da saca está deixando as lavouras capixabas sujeitas a queimadas. Na cidade de Vila Valério, na região central do Espírito Santo, algumas plantações tiveram perdas de 100%.

– A situação na nossa região está bem critica, por conta da seca. Áreas de matas próximas às lavouras estão pegando fogo – afirmou o cafeicultor Michel Pereira Machado em entrevista à segunda edição do Mercado e Companhia de ontem.

Segundo ele, a região sofre com um déficit hídrico há mais de dois anos, com muitos produtores deixando de irrigar, alguns escolhendo focar em partes da lavoura que podem apresentar produtividade alta.