Deputados repercutem críticas de Dilma Rousseff a acordo de MP do Código Florestal

Bilhete da presidente às ministras do Meio Ambiente e de Relações Institucionais reacendeu polêmica em torno da votação do textoO flagra revelador do fotógrafo Joédson Alves, que mostrou bilhete escrito pela presidente Dilma Rousseff para as ministras do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, acabou expondo novamente toda a polêmica que parecia ter sido controlada na quinta, dia 30, após o acordo que permitiu a votação no dia anterior da Medida Provisória do Código Florestal.

Ainda na quinta, a Secretaria de Relações Institucionais repudiou em nota o texto aprovado na comissão mista do Congresso, afirmando que ele não teve aval ou concordância do governo federal. Em seguida, a liderança do Democratas criticou a nota, alegando que o governo não tem poder sobre as decisões do Legislativo.

No bilhete, a presidente cobrava explicação das ministras sobre o possível acordo em relação às mudanças na MP do Código e alegava não ter conhecimento sobre as alterações. Em outro trecho do bilhete escrito de próprio punho, a presidente ressaltava que “a posição do governo é a defesa da MP, com foco especial na ‘escadinha'”.

Segundo o vice-líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), o acordo contou com a participação dos senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC), relator da MP, que teriam consultado as ministras durante as negociações.

– Se o governo não vai cumprir acordo, nós temos então que retornar à comissão mista. Já estou fazendo um ofício ao presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney, para que, caso o acordo não seja mantido, continuemos as votações dos destaques apresentados à MP – disse Caiado, que classificou a atitude do governo como “ingerência indevida e truculência ímpar”.

O bilhete divulgado põe às claras o descontentamento da presidente Dilma Roussef. Ao defender a “escadinha”, a ideia do Executivo era definir a recuperação de áreas desmatadas conforme o tamanho das propriedades rurais. O objetivo, no entanto, vinha sendo muito criticado pela bancada ruralista que, antes de firmar o acordo, já havia imposto uma dura derrota ao governo ao aprovar o fim da proteção em torno de rios intermitentes.

– Tivemos um ataque fortíssimo dos ruralistas em relação às águas e, principalmente, aos rios intermitentes, que não teriam mais áreas de preservação permanente – afirmou o presidente da comissão mista, deputado Bohn Gass (PT-RS), que é da base do governo. Segundo ele, o acordo era a única alternativa para impedir o absurdo imposto pela intransigência de alguns ruralistas.

Segundo Bohn Gass, o entendimento permitiu que a MP pudesse continuar tramitando no Congresso.

– Construímos um texto razoável, que continua com possibilidade de ser apreciado – completou, afirmando ainda que a ideia é manter o texto do acordo durante as votações no plenário da Câmara e do Senado.

Para o parlamentar, o acordo garante um mínimo de escalonamento em relação às APPs a serem recompostas, o que ajuda principalmente os agricultores familiares, que representam mais de 90% dos produtores rurais do país. Ele destaca ainda que o novo texto assegura novamente a proteção aos rios intermitentes e aumenta de cinco para 15 metros a área de preservação em torno de nascentes.

– Mantivemos uma ‘escadinha’ que diferencia os pequenos produtores dos médios e grandes em relação à área a ser recuperada, não permitimos a anistia e evitamos o caos que seria caducar a medida provisória – disse.

Por meio de nota, o PV criticou o acordo, o qual considera uma violenta agressão, não somente ao meio ambiente, mas também aos princípios democráticos. De conforme a nota, a pressão para finalizar a votação da matéria teria contribuído para que, na forma de um ‘pseudo acordo’, coordenado pelos ruralistas, destaques deixassem de ser votados e matérias antes rejeitadas voltassem a integrar o texto.

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