Eldorado quer triplicar produção de celulose até 2020

Empresa pretende construir três unidades no Centro-Oeste do paísA Eldorado confirmou nesta terça, dia 28, que inicia a produção de celulose no país a partir de novembro. A unidade produtiva está sendo construída em Três Lagoas (MS), com capacidade para 1,5 milhão de toneladas. A companhia já planeja ter outras duas linhas de produção até 2020, triplicando a capacidade. As informações foram divulgadas, em São Paulo, pelo presidente da empresa, José Carlos Grubisich, que assumiu recentemente o cargo.

O investimento previsto para esta primeira fase é de R$ 6,2 bilhões (dos quais 60% já foram concluídos), considerando o plantio de florestas, a construção da fábrica e da estrutura logística para levar o produto até o Porto de Santos (SP), onde há planos de ter um terminal próprio. Do total, 31% virão dos acionistas. Os outros 69% devem ser financiados, segundo José Carlos Grubisich, principalmente pelo BNDES.

— A previsão para o mercado de celulose a partir do eucalipto é de um crescimento de 4,5% ao ano. O mundo vai demandar uma unidade como a nossa a cada um ano e meio e isso vai levar a um novo ciclo de investimentos no setor. Entrar com um volume de 1,5 milhão (de toneladas) não é fácil, mas o mercado cresce muito rápido. Em um ano e meio, absorve essa capacidade — avaliou Grubisich.

Pelo menos 90% da produção deve ser exportada, principalmente para europeus, asiáticos e norte-americanos. As negociações já estão sendo feitas, informou o executivo. Para ele, mesmo com problemas econômicos na Europa e Estados Unidos, o Brasil pode conquistar mercado pela maior competitividade.

— Se houver uma redução de demanda nesses mercados, os primeiros atingidos seriam os fornecedores menos competitivos da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia. Tem espaço para todo mundo crescer neste mercado. As empresas de celulose no Brasil estão na ponta mais competitiva da indústria de celulose no mundo. Sendo mais competitivo, você consegue espaço no mercado em condições não muito difíceis.

A segunda fase do plano de expansão da companhia deve estar concluída em 2017, com mais uma unidade que aumentará a capacidade para três milhões de toneladas de celulose. Para 2020, está prevista a entrada em operação de uma terceira linha de produção, totalizando pelo menos 4,5 milhões de toneladas, podendo chegar a cinco milhões.

— Evidentemente que vamos precisar de capital para isso. A geração de caixa vai ajudar a financiar os projetos futuros. Em algum momento, a empresa terá que fazer um aumento de capital usando a bolsa, mas, neste momento, não faz parte dos planos — garantiu o executivo, descartando também eventuais planos de venda de partes da empresa.

Ainda que não pretenda listar ações em bolsa por enquanto, a companhia está pedindo à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o registro como empresa de capital aberto, explicou Grubisich. Um dos motivos é ter abertas novas possibilidades de capitalização. Outro motivo é por exigência legal, já que, em novembro de 2011, a Eldorado incorporou a Florestal Brasil, que tinha capital aberto.

Florestas

Até dezembro de 2011, a Eldorado registrava 80 mil hectares de florestas plantadas, sendo que 80% estão em áreas arrendadas pela empresa. Neste ano, devem ser plantados mais 35 mil. Em um primeiro momento, apenas 30% do eucalipto necessário para a produção serão próprios. A partir de 2014, a expectativa é que essa proporção passe a 70%. O objetivo é deter todo o suprimento de matéria-prima a partir de 2016.

— Precisamos ter um raio competitivo para não trazer madeira de muito longe. A gente deve ter um raio de 80 a 100 Km em torno da unidade de produção. Já delimita um pouco em que regiões nós vamos estar focados para o plantio de florestas — ponderou.

Grubisich afirmou que, em um primeiro momento, vai haver a ampliação de áreas próprias da empresa. Mas disse que “não há um número definido para essa participação” e ressaltou que depende das condições do mercado de terras. Declarou também que, apesar da prioridade da empresa ser o abastecimento próprio, não está descartada a possibilidade de parcerias com fornecedores independentes.

— Nessa fase inicial, como a gente tem que crescer rapidamente, os parceiros não tem condições de crescer tão rápido. Mas é sempre uma possibilidade. Se houver parceiros dispostos a investir, desde que a relação seja competitiva em comparação com plantar floresta própria, a gente vai desenvolver.