ANÁLISE

Mercado de trigo: chuvas no Sul e armazenagem preocupam produtores no Brasil

Setor lida com desafios climáticos e comerciais, enquanto avalia perspectivas da safra

plantação de trigo
Foto: Antonio Costa/AENPr

Os negócios com trigo no Brasil seguem pontuais e as cotações pressionadas. No Rio Grande do Sul, houve reportes de lotes pontuais (safra nova) a R$ 1.000/tonelada. As indicações de compradores, contudo, seguem entre R$ 950 e R$ 980 a tonelada. A colheita no estado atingiu 1%, segundo a Emater. Os trabalhos avançaram nos momentos com tempo estável e temperaturas elevadas, principalmente na região noroeste do estado.

Ainda segundo a Emater, a taxa de maturação das lavouras atinge 18%. Predominam as lavouras na fase de enchimento de grãos 54%, e em estágio de floração 23%. Por essa razão, há crescente preocupação entre os triticultores, uma vez que o clima excessivamente úmido tem favorecido a proliferação de doenças fúngicas, especialmente giberela, nesses estágios críticos, o que ameaça a confirmação do potencial produtivo.

Por ser sensível às chuvas, principalmente após a maturação, caso ocorra atraso na colheita da cultura, os grãos poderão atingir níveis de qualidade que inviabilizem sua utilização pela indústria de panificação.

Trigo no Paraná

No Paraná, os compradores indicam interesse por volta de R$ 900/tonelada no FOB e R$ 950/tonelada no CIF para entrega imediata. Com entrega em novembro os moinhos indicam R$ 1.000/tonelada no CIF. Os trabalhos de colheita no estado superam 65% da área plantada e os lotes colhidos, em geral, apresentam boa qualidade e produtividade.

Segundo o analista de Safras & Mercado Elcio Bento, a previsão de chuvas na próxima semana preocupa. “Muitas cooperativas têm preferido vender milho e segurar o trigo enquanto aguardam uma definição para a safra do Rio Grande do Sul e da metade sul paranaense. O que preocupa, no entanto, é a questão de armazenagem”, afirmou.

Chicago

A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços mais baixos. O mercado foi pressionado pelos menores preços na Europa, pela crescente concorrência da Rússia e pelo otimismo gerado pela passagem bem-sucedida de vários navios pelo Mar Negro.

Além disso, o recuo do petróleo em Nova York contribui para essa retração. No entanto a queda é limitada pela fraqueza do dólar, que favorece a competitividade do produto dos EUA no mercado exportador.

Os investidores também digerem as vendas líquidas norte-americanas de trigo, referentes à temporada comercial 2023/24, com início em 1º de junho, que ficaram em 544.500 toneladas na semana encerrada em 21 de setembro. As Filipinas lideraram as importações, com 115.000 toneladas. Analistas esperavam exportações entre 250 mil e 500 mil toneladas. As informações são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

O mercado se posiciona frente ao relatório de estoques trimestrais de trigo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado nesta sexta-feira (29). A expectativa do mercado é de que o USDA, mostre os estoques trimestrais estadunidenses em 1,77 bilhão de bushels em 1º de setembro. Isso representaria uma queda de 7 milhões de bushels ano a ano.

Analistas consultados por agências internacionais também esperam redução na projeção para produção dos EUA em 2 milhões de bushels em relação ao estimado anteriormente, totalizando 1,732 bilhão de bushels.

No fechamento, os contratos com entrega em dezembro eram cotados a US$ 5,78 3/4 por bushel, baixa de 0,75 centavo de dólar, ou 0,12%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em março de 2024 eram negociados a US$ 6,06 1/2 por bushel, recuo de 0,75 centavos, ou 0,12% em relação ao fechamento anterior.


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