Negócios fechados na Agrishow devem superar as expectativas

Até o final da feira, devem ser liberados pelos menos R$ 650 milhõesNo terceiro dia da Agrishow os bancos confirmam a expectativa de fechar muitos contratos de financiamento na feira. O bom momento da agricultura e as facilidades dos programas de linhas de crédito dos governos estaduais e federal animam gerentes e clientes. Até o final da feira, devem ser liberados pelos menos R$ 650 milhões.

O banco em que o superintendente de agronegócio Walmir Segatto trabalha oferece crédito para produtores de pelo menos 140 atividades agrícolas. Do plantador de alface ao que trabalha com soja, ou cana, todo mundo pode contar com o banco dele na hora de fechar negócio.

? É uma feira diferente do ano passado. Esta feira tem os fabricantes de tratores e equipamentos maiores complementando o que esteve no ano passado, que estavam expondo os implementos na sua maioria e isso naturalmente tem sido valores maiores e procuras maiores ? diz Segatto.

Pela mesa do assessor comercial Paulo Betti, que trabalha em uma concessionária, já passaram mais de 40 clientes nestes três dias de feira.  O produtor rural Luiz Carlos Michelino chegou nesta quarta, dia 28. Ele quer comprar um trator de 75 cavalos. A máquina custa R$ 82 mil. Paulo diz como ele pode fazer o negócio.

? Ele pode comprar pela modalidade de compra consórcio e pode também pelo Finame, por outras linhas de financiamento ? explica Betti.

Michelino está analisando as propostas.

? Acho que vou fechar negócio pelo Finame. Com 50% de entrada e o resto parcela anual com juro semestral ? conta.

Roberto Cestari, grande produtor de cana, decidiu que vai comprar uma colheitadeira. A máquina custa R$ 790 mil. Em poucos passos, ele chegou ao banco e fez a proposta com cautela que a experiência lhe confere.

Quatro bancos se instalaram na Agrishow deste ano. Só a linha de investimentos o Banco do Brasil, que detém a maior carteira de crédito para o agronegócio, prevê liberar R$ 400 milhões até sexta, dia 30.  Com isso, calcula-se que dois mil produtores rurais façam suas propostas no local. Cerca de 800 já foram feitas desde a segunda, 26.

Quem trabalhou na Agrishow em anos anteriores diz que a euforia de agora só se compara a de 2002, logo depois do lançamento de programas como o Moderfrota, que aumentaram as vendas de máquinas agrícolas aqui no Brasil. O problema é que aumentou a inadimplência na época também. Por isso que atualmente, antes de fechar propostas, muitos destes profissionais estão fazendo aqui um trabalho de orientação, para que a facilidade de agora não vire uma dor de cabeça depois.

? O produtor brasileiro passa por um período de profissionalização e a gente acredita e orienta para que os negócios sejam feitos de forma ostensiva sim, mas com responsabilidade ? explica o gerente de agronegócio Evandro Souza Mendes.

A inadimplência na carteira de investimentos no Brasil, que já chegou a 30% cinco anos atrás, caiu para menos de 10% hoje. O que preocupa mais agora, diz um dos diretores da Federação dos Bancos (Febraban), é a sustentação dos preços. Aldemiro Vian participou nesta quarta, dia 28, do Fórum Crédito Rural: os desafios do crescimento da produção. Ele diz que não adianta ter crédito se o produtor não tiver como pagar.

? Crédito é igual a remédio, depende da dose. Se tomar muito, ele mata. Se tomar o remédio na dose certa, cura. Na dose certa, ele é saudável. É sustentável ? avalia Vian.