Paraguai terá safra recorde de soja e preços preocupam

País também espera uma colheita farta da oleaginosa; assim como no Brasil, custos elevados e cotações em baixa acendem o sinal de alerta entre os produtores

A safra de soja do Paraguai deve bater recorde neste ano, com 9,8 milhões de toneladas, a exemplo de seus concorrentes Brasil, Estados Unidos e Argentina, que também projetam incrementos em suas produções 2016/2017. Com isso, a preocupação são os preços da oleaginosa, que estão mais baixos no mercado internacional.

No Paraguai, onde a soja é uma das principais atividades econômicas do país, o plantio da próxima safra segue acelerado, assim como no Brasil. Por lá, a soja é a principal cultura e responde por 90% da renda dos agricultores. Da área estimada para semeadura de 3,2 milhões de hectares, aproximadamente 60% já foi cultivado. “Nós tivemos dois meses sem chuvas no final do inverno. Ficamos preocupados. Mas, vieram boas chuvas no começo de setembro, encharcou o solo e o pessoal conseguiu plantar”, conta Milton Abich, gerente da coordenadoria agrícola do Paraguai.

A melhora nas condições de plantio renovou a confiança do produtor em relação à safra. Com isso, a expectativa da coordenadoria Agrícola do Paraguai é de uma super safra de 9,8 milhões de toneladas. “Estamos apostando em uma super safra, mas o ano ainda está indeciso por causa do La nina. Estamos fazendo a nossa parte, investindo, colocando boas qualidades de adubo, fungicida, e sementes. Agora é esperar”, garante o agricultor Adir Lui, do município de Santa Rita, há 75 quilômetros da fronteira com o Brasil.

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Otimismo de um lado, preocupação de outro, já que as cotações da soja estão mais baixos que nos anos anteriores. O valor da tonelada comercializada hoje, para ser entregue em fevereiro de 2017, está em média 40% mais baixo que o praticado há dois anos. “Caiu muito o preço de exportação, o preço em Chicago. Estamos na expectativa que esse preço aumente, porque senão vamos fechar no vermelho esse ano”, contou Lui.

O sojicultor de Santa Rita confirmou que ainda não antecipou quase nenhuma venda no mercado futuro. A expectativa é que os valores superem pelo menos a casa dos US$ 380 a tonelada para que Lui cubra os custos. “O produtor que tem terra própria, está praticamente trabalhando pelo custo. Se tiver uma boa produção com os preços de hoje ele empata”, afirma o gerente da coordenadoria agrícola do Paraguai. “A maioria dos produtores que arrendam estão trabalhando no vermelho e isso preocupa.”