Produtor rebate presidente da Funai e vê interesse internacional em demarcação de terras indígenas

João Bosco Leal diz que vistorias em Mato Grosso do Sul atingem 70% da área produtiva do EstadoO presidente do Movimento Nacional dos Produtores, João Bosco Leal, atribuiu a interesses de organizações internacionais as iniciativas pela demarcação de terras indígenas no Brasil. Ele fez a afirmação ao criticar Fundação Nacional do Índio (Funai), que decidiu iniciar estudos em áreas do Estado de Mato Grosso do Sul.

? Interessa às Ong’s internacionais. Ninguém está agüentando o poder de fogo da agricultura brasileira ? disse Leal nesta terça, dia 26, ao Mercado e Companhia.

Leal comentou declarações dadas pelo presidente da Funai, Márcio Meira, concedidas ao Estúdio Rural também nesta terça, segundo as quais não estão sendo vistoriadas propriedades rurais para demarcação de terras indígenas. Apesar disso, João Bosco Leal disse que os agricultores ainda estão preocupados com a situação.

? A conversa é sempre essa, de que não estão fazendo nada. Ora, se não estão fazendo nada, por que vêm demarcar? Qual é o fundamento disso? ? questionou o presidente do Movimento Nacional dos Produtores.

De acordo com João Bosco Leal, as declarações de Márcio Meira, na entrevista concedida à jornalista Ana Amélia Lemos, não estão de acordo com portarias divulgadas pela própria Funai a respeito dos trabalhos em Mato Grosso do Sul. Leal disse que as demarcações, caso confirmadas, atingirão grande parte da área produtiva.

? Pelas portarias, pretende-se demarcar áreas de 26 municípios. Isso representa 30% do Estado de Mato Grosso do Sul e 70% da área produtiva. Isso é um caos! ? protestou.

O presidente do Movimento Nacional dos Produtores argumentou que os produtores rurais têm as documentações relacionadas aos terrenos em dia e que as propriedades foram ratificadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Roraima

João Bosco Leal avaliou ainda que o resultado do julgamento de ações contra a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, pode ter reflexos em outras discussões semelhantes. Inclusive sobre as possíveis demarcações em Mato Grosso do Sul. Para ele, é mais um motivo de preocupação.

Segundo o produtor rural, o Brasil tem cerca de 700 mil indígenas, que ocupam 12% do território nacional e a reserva Raposa Serra do Sol terá uma área de 1,7 milhão de hectares para assentar cerca de outros 15 mil índios.

? Hoje, toda a população tem essa exportação, essa geração de empregos da agricultura brasileira em 60 milhões de hectares, entre a lavoura de grãos e lavouras permanente, como cana e laranja. E já temos 102 milhões, praticamente o dobro, nas mãos de indígenas.

O presidente do Movimento Nacional dos Produtores Rurais afirmou também que a possibilidade de demarcação das terras em Mato Grosso do Sul já causou a desistência de compradores que estavam interessados em propriedades no Estado.

? Está sendo destruída toda a estrutura comercial desses pequenos municípios.