Produtores de carne suína contestam nomenclatura de tipo de gripe

Entidades temem que doença seja associada ao consumo de alimentosAs entidades da cadeia produtiva de carne suína no Brasil divulgaram comunicado em que questionam a nomenclatura da chamada "gripe suína". Conforme os produtores, a doença deveria ser divulgada como "influenza norte-americana", conforme sugestão da Organização Internacional de Epizootias (OIE), já que o vírus não tem origem no consumo de produtos suinícolas e o nome pode confundir consumidores e prejudicar o mercado de carnes. 

Em entrevista à Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, na manhã desta terça, dia 28, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Produtores e Exportadores de Carne Suína, Pedro Camargo Neto, afirmou que há erro de nomenclatura para denominar a doença. Conforme o dirigente, a carne suína está fora de perigo e pode ser consumida com segurança em qualquer parte do mundo. Para Neto, o cenário é de confusão e de desinformação:

? Essa gripe não tem nada de suína. É uma gripe mexicana. Não tem nenhum animal infectado, nem no México tem suíno doente.

O Ministério da Agricultura concorda que não foram registrados casos da doença em animais em nenuma parte do mundo. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, não haverá restrição nas importações.

O Ministério da Saúde também garante que é seguro comer carne de porco e produtos derivados. O vírus da influenza suína não resiste a altas temperaturas (70ºC). Produtores e exportadores projetam que esta nomenclatura para a doença possa causar prejuízo para exportações:

? É uma falta de sensibilidade comercial de cientistas que fazem a análise do vírus, que analisam o DNA. Eles (os cientistas) acham ele mais parecido com um da gripe suína e causam essa confusão mundial. Você pode causar um problema econômico por um erro de denominação ? explicou o presidente.

O Brasil é o quarto maior exportador do mundo de carne suína. De acordo com o Ministério da Agricultura o Brasil nunca importou carne suína do México. No ano passado, a Alemanha foi o país que mais vendeu carne para o Brasil (5 mil toneladas). Outras 2 mil toneladas foram importadas da China em 2008.


Confira a íntegra do comunicado:

As entidades da cadeia produtiva brasileira da carne suína vêm a público prestar os seguintes esclarecimentos a respeito da “influenza norte-americana” e seu impacto sobre o mercado consumidor e exportador do produto no país:

1) O Brasil destaca-se  no cenário mundial pela qualidade da carne suína aqui produzida, e exportada no ano passado para nada menos que 76 países, correspondendo a um faturamento superior a US$ 1 bilhão. A cadeia produtiva desta carne reúne o esforço de cerca de 1 milhão de brasileiros em todos os seus elos. Temos o orgulho de salientar que a produção de proteína animal de origem suína no Brasil situa-se na fronteira da tecnologia existente, o que nos levou à condição de quarto maior produtor e exportador mundial.

2) A dimensão econômica e social do setor exige que a veiculação de informações de interesse do consumidor seja acompanhada do necessário rigor técnico e científico, de forma a não comprometer uma delicada e estruturada relação de confiança duramente construída ao longo dos anos.

3) Nesse sentido, as entidades sub-escritas chamam atenção para o comunicado divulgado pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), segundo o qual é inapropriado denominar esse vírus de “GRIPE SUÍNA”, como tem recorridamente acontecido, tanto na mídia brasileira, quanto internacional. Isto pelo simples fato de que até agora não haja registro de que o vírus tenha sido isolado no animal e seus mecanismos de contaminação estejam cingidos à relação entre humanos.

4) A OIE sugere claramente que a doença seja nominada “influenza norte-americana”, seguindo a tradição de outras manifestações similares no passado, que ganharam denominação de caráter geográfico. Apoiamos integralmente essa recomendação e nos colocamos à disposição da imprensa para que seja atestada a qualidade do sistema produtivo brasileiro e o rigor do controle sanitário vigente em suas operações tecnificadas.

Sub-escrevem a nota:

Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)
Irineu Wessler

Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (SINDIRAÇÕES)
Mário Cutait

Associação Brasileira dos Veterinários Especializados em Suínos (ABRAVES)
Augusto Heck

Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (SINDAN)
Emílio Carlos Solani