Programa prevê recursos para quem preservar florestas

Governo propõe destinação de R$ 50 por hectare preservado a cada ano, com limite de R$ 2 mil anuais por família beneficiadaO governo deve enviar em breve ao Congresso projeto de lei que destinará até R$ 4 bilhões para compensar proprietários rurais que preservarem a vegetação em níveis superiores à reserva legal. O anúncio foi feito pelo diretor do Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente, Tasso Rezende de Azevedo, durante seminário sobre pagamento por serviços ambientais (PSA) promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

De acordo com a proposta serão destinados R$ 50 a cada ano por hectare preservado, com o limite de transferência de R$ 2 mil anuais para cada família beneficiada. Como há condicionantes para o benefício ? como desmatamento e exploração ilegal zero e inserção em um cadastro ambiental ? a expectativa do ministério é destinar R$ 100 milhões nos primeiros anos, alcançando os R$ 4 bilhões à medida que os produtores forem se adequando.

Medida provisória

Paralelamente, o governo finaliza uma medida provisória para desonerar as aplicações em um fundo. Ele será gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para captar recursos externos destinados aos PSAs especialmente na Amazônia, ainda que os outros biomas recebam 20% dos recursos. A expectativa é receber os primeiros US$ 100 milhões (cerca de R$ 160 milhões) do governo da Noruega, em setembro, quando o primeiro-ministro do país, Jens Stoltenberg, visitará o Brasil.

Tramitam na Câmara quatro projetos de lei que tratam de compensação por serviços ambientais, mas nenhum estabelece rubrica orçamentária para seus financiamentos. A proposta principal é o PL 792/07, do deputado Anselmo de Jesus (PT-RO), que define a expressão “serviços ambientais” e prevê a transferência de recursos, monetários ou não, aos que ajudam a produzir ou conservar esses serviços.

Uma proposta apensada (PL 1190/07), do deputado Antonio Palocci (PT-SP), cria o Programa Bolsa Verde, com os recursos provenientes de agências multilaterais e bilaterais de cooperação internacional, sob forma de doação, sem ônus para o Tesouro Nacional, salvo contrapartidas.

? Estamos apresentando a proposta para unificar as sugestões e garantir recursos orçamentários para os PSAs, já que apenas o Executivo pode criar despesas orçamentárias ? justificou Azevedo.

Contrapartidas ambientais

A tendência de se criar essas compensações foi elogiada por todos os participantes do seminário, mas o diretor de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, Sérgio Leitão, alertou para a necessidade de “ir além e exigir contrapartidas ambientais aos financiamentos destinados ao agronegócio”.

? O PSA é um tópico da agenda ambiental, mas não é a salvação da lavoura, como alguns querem fazer crer. Além disso, esses recursos internacionais que estão esperando não existem, ainda mais com a situação de crise inflacionária e a explosão do preço do petróleo ? declarou.

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO), que presidiu um dos painéis do seminário, acredita que cobrar contrapartida é uma alternativa para atrelar o agronegócio com a preservação ambiental, mas reiterou a necessidade de preservar os PSAs para compensar eventuais restrições nos ganhos dos produtores com a manutenção da vegetação.

? Os ruralistas tiveram muitos prejuízos nos últimos anos, porque foram eles que mantiveram estável o preço da cesta básica, enquanto o custo dos insumos subiram muito. Eles precisam ter compensações ? concluiu.