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Produtores de Sorriso (MT) pedem estado de emergência

Maior município produtor de soja do país projeta produção 30% menor nesta safra, e muitos produtores vão precisar renegociar contratos

Canal Rural | Sorriso (MT)

Os produtores de soja de Sorriso, no médio-norte de Mato Grosso, pedem estado de emergência por conta da seca que vem castigando e gerando prejuízo nas lavouras da região. No principal município produtor do grão no país, existem sojicultores com mais de 70% da área comprometida, outros não conseguiram nem semear. O pedido é para garantir a renegociação dos financiamentos e contratos antecipados para esta safra, que muitos produtores não vão conseguir cumprir.

– Nosso município é eminentemente agrícola, com uma quebra de safra que estimamos hoje em 30%, isso é o lucro do produtor, talvez até mais. O produtor deve ficar no vermelho este ano e o município depende totalmente disso [renda do agricultor]. Então nada mais justo que decretar o estado de emergência, para que o agricultor tenha como renegociar seus contratos e poder parcelar seus compromissos para três, quatro anos – comenta o presidente do Sindicato Rural do município, Laércio Lenz.

Segundo presidente do sindicato, 60% da safra de Sorriso foi vendida, mas muitos produtores não vão conseguir entrar tudo que já foi negociado. Lenz pede a compreensão das tradings e bancos na hora de negociar.

O produtor Ildo Damiani é um exemplo. O clima não favoreceu os 700 hectares de soja cultivados em setembro. O preparo da lavoura foi bom, ele investiu em adubação, fez a cobertura de solo. A expectativa era de uma produtividade maior nesta sara, mas a falta de água no principal momento de desenvolvimento da planta acabou jogando tudo para o alto.

– Germinou bem, depois cresceu mais de 10 a 12 mm, depois pegou 40 dias de sola, choveu um pouco para manter a planta viva, só que agora, na situação que se encontra, há poucas vagens, pé morto, pé verde, bagunçou toda a lavoura. Isso não se recupera mais, já acionei o seguro, abrimos um sinistro para ver se conseguimos cobrir o custo da lavoura, pelo menos – afirma Damiani.

No ano passado, a mesma área rendeu ao agricultor uma média de 70 sacas por hectares. Nesta safra, a surpresa negativa. Os técnicos que visitaram os talhões afetados afirmam que a produtividade nestas áreas deverá ser pouco mais de duas sacas por hectare. Cerca de 70% da propriedade está nestas condições. O agricultor Ildo Damiani está preocupado com os contratos de venda antecipada que ele precisa cumprir.

– Agora vamos ver o que a gente vai conseguir com as tradings, como vamos negociar com eles porque não tem de onde tirar o grão – lamenta.

A região de Sorriso sempre teve um bom histórico de chuvas, com até 700 mm acumulados nesta época do ano. Em algumas áreas, a chuva até ajudou, há lavouras com bom desenvolvimento. Mas a grande maioria está sendo prejudicada. Segundo os agricultores, este ano é atípico. Influência do fenômeno climático El Niño, que trouxe uma estiagem cheia de prejuízos.

– Infelizmente nós tivemos muitos produtores com perdas de até 70%, outros um pouco menos. Eu diria o seguinte: ninguém deixou de perder alguma coisa, quem teve problemas mais sérios precisou replantar. Nós tivemos algo em torno de 10% de replantio no município, é um número alto para uma região que planta mais de 600 mil hectares, dá 60 mil hectares replantados – explica Laércio Lenz.

O sojicultor Atílio Rovaris também está dentro desta estatística negativa. Nesta safra, ele cultivou mais de 6000 hectares de soja. A semeadura começou em outubro, mas a falta de chuvas e as altas temperaturas acabaram comprometendo áreas que estavam germinando. Isso obrigou o produtor a replantar, pelo menos 1200 hectares, aumentando ainda mais os custos. Agora o produtor vive a expectativa de que as chuvas se regularizem. Caso contrário, as perdas serão grandes.

– Temos áreas com mais de 70 dias de plantio, não tem mais chuva para salvar, mas tem outras áreas que precisam de chuva ainda. As plantas estão fracas. A gente calcula 15% de grãos a menos. Com certeza esta safra foi diferente, tem anos com mais chuvas e outros com menos chuvas. Este será um ano com menos grãos no armazém – projeta Rovaris.

Plantio adiado no estado

O município não é o único afetado por este dilema. Praticamente todo Mato Grosso enfrenta o mesmo problema nas lavouras. Muitos ainda nem conseguiram terminar o plantio. Sensibilizado com a situação, o governo do estado prorrogou por mais 15 dias a janela de plantio, de 31 de dezembro para 15 de janeiro. A medida contrariou o setor, que esperava um prazo maior.

– Esses 15 dias dados pelo governo não são suficientes. É muito curto este prazo. O setor produtivo pediu 30 dias, até o final de janeiro, tem pessoas que em 15 de janeiro não vai conseguir replantar. Tem muitas áreas que não chove. Então precisa que o plantio seja adiado até o final de janeiro, para atender todas as regiões – pede o presidente do Sindicato Rural de Sorriso.

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