O Piauí produziu quase 2,4 milhões de toneladas de soja na última safra. Os produtores do estado contam com as principais tecnologias disponíveis no país para garantir os aumentos produtivos nas fazendas. Porém, da porteira para fora, sofrem com a logística ineficiente para a escoamento da safra.
A expedição do Projeto Soja Brasil foi até Uruçuí, no Piauí, conferir o andamento da safra 2019/2020 de soja. O município de apenas 20 mil habitantes fica a 450 km da capital Teresina, no oeste do estado, já na divisa com o Maranhão. A região concentra 30% de toda a produção de soja do estado. O solo por lá é naturalmente ácido e precisou ser trabalhado para atender a necessidade da agricultura e alcançar uma produtividade satisfatória.
“Baseado tanto na elevação da saturação de cálcio, quanto na elevação da saturação de bases, propriamente dita, nessas áreas a produção saltou dos patamares de 48 a 49 sacas para potenciais de 63 a 65 sacas por hectare. Claro que para safras onde nós não temos problemas de veranicos”, afirma o engenheiro agrônomo Ricardo Reis.
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Além disso, o produtor Roberto Busatto, da Fazenda Santa Bárbara, também investe em maquinários modernos. As últimas aquisições foram um tratador gigante e uma plantadeira de 44 linhas, capaz de semear 180 hectares por dia. O investimento foi de R$ 2,3 milhões.
“Por aqui, quanto maior a máquina, melhor. Maior produtividade, menor custo, menor tempo gasto e garantia de uma boa safra”, afirma.
Infraestrutura de estradas
Da porteira para dentro, os produtores do Piauí tem acesso a todas as tecnologias mais modernas utilizadas na agricultura e fazem tudo direitinho para garantir uma boa rentabilidade. O problema é quando tudo está colhido e precisa ser transportado para fora. A exemplo de outros estados do país, por ali uma das maiores dificuldades é a infraestrutura para escoar a produção.
Na principal rodovia de escoamento da safra, conhecida como Transcerrado, quando chove vários trechos ficam intransitáveis. Até a caminhonete da Mitsubishi L200 Triton, usada pela expedição do Projeto Soja Brasil, teve que mostrar toda sua expertise para superar os 200 quilômetros de estrada enlameada e levar a equipe do Canal Rural até as fazendas.
“Quando chove aquilo vira o que vocês mostram no Canal Rural. Todo lugar é ruim, atola caminhão, perde e nem o comprador quer ir buscar. É aquela agonia na hora de transportar”, diz o produtor Celso Werner.
Outro problema comum na região é a falta de energia elétrica, principalmente nas propriedades mais distantes. O sojicultor Rubens Feinten chegou a ficar uma semana no escuro, para contornar a situação comprou três geradores a diesel.
“Se depender só da energia elétrica, a gente não trabalha. Não tem nem como segurar funcionário na fazenda. Pois não tem energia. Estraga a carne, estraga todos os alimentos e aí não tem condições”, comenta.
São justamente essas dificuldades que freiam o ritmo de crescimento do agronegócio na região e, consequentemente, a geração de renda e empregos no Piauí.
“O que mais precisamos é infraestrutura de energia e de estrada para que consigamos trazer essas indústrias, agroindústrias, cooperativas, até mesmo mais produtores para cá, né”, afirma o secretário de Agricultura do estado, Samuel Werner.
Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Uruçuí, os produtores estão sofrendo muito para produzir na região e muitos repensam ficar por lá. “Isso desgasta a mente e mina a coragem dos investidores. Eu acompanhei muita gente que envelheceu em pouco tempo, sofrendo com tantos percalços. O cidadão está procurando produzir, mas o estado não faz sua parte. É difícil, desgasta demais.
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