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Produtores do Paraná arriscam plantar soja no pó para cumprir prazos. Vale a pena?

Segundo pesquisador da Embrapa, risco de se antecipar o plantio é grande. Plantar com pouca umidade então, pode ser prejuízo certo. Entenda!

Com a falta de chuvas, alguns produtores estão optando por lançar suas sementes de soja no solo seco mesmo, a espera de uma chuva para germinar. A ideia é tentar garantir o plantio da soja na janela adequada para viabilizar a 2ª safra e para colher antes de os contratos firmados para entrega vencerem. Entretanto, especialistas garantem que isso pode ser um tiro no pé e o prejuízo ser ainda maior.

Até a última quinta feira (24 de setembro), apenas 0,7% da área de soja no país havia sido semeada. Esse percentual é quatro vezes menor em comparação a média dos últimos cinco anos, de 2,7%, segundo dados da consultoria AgRural.

A maioria dos produtores está esperando pelas chuvas para iniciar o plantio. No Paraná, por exemplo, a safra estimada em 20,7 milhões de toneladas, já tem mais de 50% comercializada segundo dados da consultoria Safras & Mercado, e os produtores estão preocupados com a colheita tardia e, consequentemente, cumprimento dos contratos de entrega do grão. Por isso, alguns estão se arriscando e plantando no pó.

“Embora o vazio sanitário tenha se encerrado dia 10 de setembro, não conseguimos realizar o plantio devido ao alto período de estiagem. Mas, graças a Deus, a chuva retornou e continuamos na torcida para que outubro ela se normalize e que ela venha com maior frequência”, diz o produtor Fábio Chono, de Goioerê (PR).

“Decidimos iniciar o plantio assim mesmo, pois temos contrato de soja para cumprir, época para entregar essa soja , então nós temos que arriscar um pouco, mas dá medo.”, diz Sidney Colatto, produtor de Rancho Alegre d’Oeste (PR).

Segundo a Embrapa, a semente resiste no solo sem água, em média, de sete a dez dias, dependendo da temperatura e da umidade do solo. Para o pesquisador Roberto Zito, plantar em terreno com pouca umidade pode ser mais arriscado do que no pó.

“Se o solo tiver um pouquinho de umidade e a semente iniciar o processo de germinação e depois falta umidade para completar o ciclo, ela ficará muito fragilizada. Portanto, se a semente estiver no solo e ela sequer iniciar o processo de germinação, a chance dela durar mais no solo é maior”, ressalta ele.

“Na primeira quinzena de outubro teremos o despertar das chuvas para o Paraná. As áreas do sul do estado o volume será maior, com até 50 milímetros acumulados. No centro-norte do Paraná, esse volume vai diminuir para uns 30 milímetros acumulados. Com certeza, as áreas do norte vão sofrer mais com a instalação da soja”, afirma a editora de Tempo do Canal Rural, Pryscilla Paiva.

Isso tudo aumenta a pressão sobre os produtores que precisam cumprir acordos comerciais e também plantar a segunda safra, mas o pesquisador da Embrapa alerta: esperar pela chuva é a opção menos arriscada.

“Lembrando que é muito ruim você iniciar uma lavoura mal feita. Pois, você já parte de um patamar mais baixo de produtividade. Eu diria que, embora existam essas condicionantes que passa pelo comercial, tecnicamente eu diria que o risco é muito grande, tem que esperar a chuva então. Dos males o menor, eu diria que é melhor esperar pois assim o prejuízo pode ser menor”, afirma Zito.

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