Safra de cana-de-açúcar terá clima como preocupação adicional

Estimativas apontam para um processamento entre 570 e 580 milhões de toneladas, abaixo da previsão inicialO clima terá um peso adicional na safra 2014/2015 de cana-de-açúcar, que começa oficialmente nesta terça, dia 1º. Depois da severa estiagem que castigou o Centro-Sul do Brasil em janeiro e fevereiro, a meteorologia prevê a ocorrência do El Niño. O fenômeno climático provoca chuvas acima do normal durante o inverno no país.

• Leia mais notícias sobre o setor

• Safra 2014/2015 de cana-de-açúcar no Centro-Sul deve ser menor que a anterior, estima Archer

O período coincide com o pico de moagem, pressionando ainda mais um ciclo que já deve ter a oferta de matéria-prima reduzida em até 40 milhões de toneladas por conta da seca, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que ainda não soltou sua projeção oficial.

– Temos recebido relatórios dos serviços meteorológicos dos Estados Unidos e da Austrália, e a previsão é de que o El Niño se inicie em junho, pegando o inverno, a primavera e até o verão no Brasil – diz Expedito Rebello, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Segundo ele, o fenômeno, que pode durar até 18 meses, aumenta a umidade principalmente na região Sul do país, mas afeta também São Paulo, onde está a maior parte dos canaviais. Durante invernos sem a ocorrência de El Niño o Estado recebe 300 mm de chuva, afirma.

O último El Niño ocorreu em 2012 e, antes disso, em 2009, mas ambos foram de intensidade moderada, diz Rebello.

– Para este ano, deve vir algo mais forte. Diria que há 80% de chances de o El Niño acontecer – relata.

Safra menor

Em evento semana passada na cidade de São Paulo, o analista de commodities sênior da F. O. Licht’s, Stefan Uhlenbrock, afirmou que a probabilidade de ocorrência de El Niño em 2014 é de até 75%. A consultoria especializada prevê que a moagem no Centro-Sul do país seja de 575 milhões de toneladas em 2014/2015, 3,5% abaixo do observado em 2013/2014.

A projeção da F. O. Licht’s se soma a outras estimativas que apontam para um processamento entre 570 e 580 milhões de toneladas, abaixo da previsão inicial, superior a 600 milhões de toneladas, e menos também que as 596 milhões de toneladas de 2013/2014. A Datagro, por exemplo, prevê uma safra de 574,6 milhões de toneladas.

– Essa estimativa leva em conta a falta de chuvas durante o desenvolvimento fisiológico das plantas – destacou o presidente da consultoria, Plínio Nastari, durante o Global Agribusiness Forum, também semana passada em São Paulo.

No início de fevereiro, o sócio e diretor da Canaplan e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, disse que a safra 2014/2015 caminhava para o “desastre”. A Canaplan divulga sua primeira previsão para a temporada em 24 de abril, mas Corrêa Carvalho avalia que a moagem ficará abaixo das 577 milhões estimadas pela consultoria em outubro.

– A quebra vai ser bruta – disse Corrêa Carvalho em fevereiro. 
 

Agência Estado