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#AconteceuEm2020: produtor chorou ao ter lavoura destruída por granizo

Família de pequenos produtores do Paraná foram às lágrimas ao verem a fonte de sustento destruída pelo temporal no começo de dezembro

Dezembro começou com fortes temporais em parte do Paraná. A chuva, que poderia ter sido um alívio em meio ao ano de seca, acabou se transformando em pesadelo para um agricultor de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná.

O produtor rural Valdecir da Rosa gravou um vídeo na quinta-feira, 3, caminhando em direção à pequena lavoura de soja da família, e o que encontrou o levou às lágrimas: tudo tinha sido destruído pelo granizo. A mulher tentou consolá-lo, mas também foi às lágrimas.

Ele não foi o único. Em cerca de 15 minutos, o temporal com granizo afetou mais de 300 famílias da região, destruindo lavouras, machucado animais e danificando casas. À época, muitos vídeos foram gravados e mostraram os danos na pequena Rio Bonito do Iguaçu.

A área rural, que abriga uma pequena parte dessas pessoas, não possui grandes propriedades e muitos agricultores produzem o suficiente para se sustentar. Esse é o caso do sojicultor Valdecir da Rosa, que gravou o vídeo que viralizou nos grupos de mensagens. Ele produz soja em 36 hectares e perdeu tudo com a chuva de granizo, conforme é possível notar no vídeo abaixo.

“Eu plantei 15 alqueires [cerca de 63 hectares] com soja e perdi tudo, não sobrou nem um pé bom. Perdi até o milho e o feijão que dava de silagem para as vacas. Não tinha seguro, pois sou muito pequeno. Agora não sei o que vou fazer; vou lá na cooperativa ver se me vendem fiado de novo para plantar o milho e pagar o que já devo”, disse.

Da Rosa tinha gastado aproximadamente R$ 100 mil para instalar suas lavouras de soja com atraso, como na maioria do país. Toda a família esperava a chegada das chuvas para que a soja se recuperasse da falta de umidade.

“Eu moro ali na região há 20 anos, pelo menos, e nunca vi isso. Meu pai, que tem 70 anos, também disse que, na vida dele, não viu também. Isso aconteceu na quinta-feira, tivemos 15 minutos de granizo e temporal, mas a chuva durou quatro dias. Alagou tudo e eu até tive que sair de casa e vir para meu pai, pois molhou tudo lá. Não respondi às mensagens antes porque estou sem internet até. Vou tentar arrumar nesses próximos dias”, contou.

O produtor, que tem 40 anos de idade, vive com a mulher (Shirley) e os três filhos (Vinícius, Vagner e Vitor), que os ajudam na lida diária do campo. Vitor Eduardo tem apenas 8 anos e, ao tentar gravar um vídeo mostrando os estragos, também vai às lágrimas (assista abaixo), mostrando consciência do que aquilo representa para a família.

“Graças a Deus, ninguém morreu aqui na região. Já as plantas a gente peleia de novo. Meus filhos me ajudam na lida das lavouras e também ficaram muito com tudo isso. Ali na região são umas 100 casas/famílias, todos com telhados estragados ou arrancados. Todos meus vizinhos tiveram problemas”, afirmou Valdecir da Rosa, que atendeu à reportagem enquanto levava a esposa no médico, devido à pressão alta, causada pela preocupação.

O produtor disse que tentará pedir, junto a sua cooperativa, insumos para plantar o milho e assim pagar parte do que deve.

“Essa soja era nosso sustento. Plantamos pouco, só pra sobreviver mesmo. Temos que continuar lutando, não é fácil. A Coasul nos vende fiado para pagar na colheita. Espero que eles entendam o nosso lado, perdi mais de R$ 100 mil de investimento. Com o milho, gastarei menos, até porque não vou investir tanto, nem tenho como fazer isso”, ressaltou o produtor.

Sindicato rural confirma ajuda da cidade

Em contato com o Sindicato Rural de Rio Bonito do Iguaçu, o presidente da entidade, Antônio Schuck, confirmou que vários produtores tiveram problemas com granizo na região, mas não sabe dizer quantas áreas foram perdidas.

“Aqui a maior parte das lavouras são plantadas com soja. Aí outra parte tem bovino de leite. Foi um temporal muito forte, com muito granizo. Teve agricultor que perdeu 80 alqueires, inclusive”, afirmou.

Segundo ele, a secretaria de agricultura do município está fazendo o levantamento das áreas afetadas para tentar viabilizar sementes de milho e feijão para as famílias afetadas, tentando diminuir o prejuízo. “Falaram em 300 famílias afetadas na região e estão tentando essas sementes para ajudar as pessoas dessa região”, disse Schuck.

Coasul ajudará

O gerente do entreposto de Rio Bonito do Iguaçu da cooperativa Coasul, Aguinaldo Luiz Dalmolin, garantiu que os produtores terão toda ajuda necessária.

“A coisa foi bastante feia por aqui. Na sexta-feira, alguns produtores já nos procuraram, pois haviam perdido tudo. Sabemos de pelo menos 90 famílias que tiveram problemas ali. Claro que lamentamos o que aconteceu e pedidos aos nossos associados que nos procurem, tragam o seu engenheiro agrônomo e nós vamos ajudá-los a replantar a soja ou plantar o milho”, disse Dalmolin.