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Acordo entre China e EUA prejudicará o Brasil? Economistas respondem

Mendonça de Barros e Liones Severo comentam se é possível que os chineses comprem US$ 50 bilhões em produtos americanos e o impacto disso

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Foto: Pìxabay
A fase 1 do acordo comercial entre China e Estados Unidos deve ser assinada em 15 de janeiro, segundo o presidente americano, Donald Trump. Mas, até o momento, os termos do tratado não foram divulgados oficialmente. Trump afirmou, no entanto, que os chineses haviam se comprometido a comprar US$ 50 bilhões em produtos agrícolas americanos até 2020. Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, esse montante é praticamente impossível. “No melhor ano dos EUA, eles exportaram pouco mais de US$ 25 bilhões à China, não há condição disso dobrar. Até consultores americanos não acreditam que vá acontecer”, diz. “Não tem dúvidas. Não há infraestrutura para isso. A agricultura americana está bem enfraquecida, foi um ano muito cruel de clima. Muita gente quebrou, muitos produtores saíram do mercado”, complementa.

Logo, segundo o especialista, o impacto sobre o agronegócio brasileiro será menor do que alguns temiam. “Os Estados Unidos vão exportar mais, claro, mas a nossa percepção é de que a demanda seguirá boa, há espaço para todo mundo. Os chineses tiveram um abastecimento tranquilo a partir do Brasil e não abrirão mão disso, principalmente porque foram os EUA quem romperam as negociações”, afirma.

O diretor do SIM Consult, Liones Severo, classificou o anúncio da assinatura do acordo comercial como a “melhor notícia de 2019” para os produtores brasileiros. “Isso traz muita vantagens: elevará os patamares de preços das commodities no mercado mundial. É um ciclo virtuoso”, diz. Sobre a possibilidade da China comprar US$ 50 bilhões dos Estados Unidos, Severo acredita que o país asiático pode até tentar, mas os americanos talvez não tenham condições de atender. Com isso, a projeção de Liones Severo é de elevação nos preços da soja e do milho, que vivem um cenário de escassez global. “O mundo está muito carente, e isso naturalmente encaminhará os preços para melhores patamares”, afirma.