As características, os fatores de qualidade e as tendências de consumo foram os assuntos abordados pela nutricionista, que salientou a mudança no perfil do consumidor mundial. Segundo Licínia, com a globalização, houve também um aumento da preocupação com a saúde e com o bem-estar, o que levou ao surgimento de um público mais exigente com o que ele consome. A nutricionista ressaltou as qualidades nutricionais da carne bovina brasileira, a qual, dentre outros componentes importantes para a alimentação, é rica em ferro, item responsável pela oxigenação das células e imprescindível para crianças em fase de desenvolvimento.
Licínia também apontou a importância do abate criterioso como forma de garantir a qualidade da carne a ser oferecida ao consumidor, mas alertou para o fato de que boa parte dos procedimentos ainda são realizados clandestinamente.
– Entre 40% e 50% dos abates são feitos em fundo de quintal, o que ainda é um gargalo a ser superado pelo setor – explicou.
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O diretor do portal Beefpoint, Miguel Cavalcanti, falou sobre as perspectivas para o futuro do mercado de produtos Premium no Brasil e no mundo. Na opinião dele, dificilmente a carne bovina poderá ser um produto barato no futuro, ao contrário do que deve ocorrer com o peixe e o frango, que invariavelmente custarão menos.
De acordo com o diretor do portal, a produção de boi é um processo caro, complexo e mais demorado, e o bom desenvolvimento do setor se dará pela escassez do produto no mercado. Ele ressaltou ainda que a carne bovina é um item sempre presente em momentos especiais, independente da classe social, o que pode ser uma alternativa a ser explorada pelo mercado, uma vez que sempre haverá demanda pelo produto.
Cavalcanti apontou a preocupação com a fase de produção, ou seja, com os processos ainda no campo, como um dos fatores de valorização da carne bovina. Segundo ele, a qualidade do produto começa ainda dentro da fazenda, e a questão do sabor e da confiança no que está sendo entregue ao comprador são os pontos a serem enfatizados para vender uma carne de qualidade.
Já Reynaldo Titoff Salvador, diretor do Programa Carne Angus, apresentou o projeto iniciado há oito anos como um caso de integração e diferenciação de produtos na cadeia da carne.
Salvador disse que o Brasil possui hoje o maior rebanho de gado comercial do planeta, com 215 milhões de cabeças, e destacou a importância da cadeia da carne vermelha para o país, que destina 90% da produção para o mercado interno. Segundo ele, nos últimos seis anos, houve um aumento de 40 milhões de consumidores, devido ao aumento do poder de compra da população.
Conforme ele, o Programa busca atender as demandas do produtor, da indústria e do varejo, proporcionando ganhos para todos de modo que toda a cadeia se mantenha saudável.
– Não adianta a indústria estar bem e o produtor estar em dificuldades – afirmou.
O diretor salientou o foco no consumidor e falou sobre o crescimento do Programa no Brasil, que possui, atualmente, 15 plantas processando carne angus certificadas. Segundo ele, houve uma evolução do volume de angus abatidos, que hoje chega a 250 milhões por ano
Para Salvador, o grande desafio do projeto é garantir a origem desde a fazenda, acompanhar a inseminação e criação, assim como o confinamento, o desmame, o encaminhamento ao frigorífico.
– A missão do programa é provar a angus como sabor, como qualidade e conquistar a confiança do comprador – afirmou.
