Brasília

Saúde mental de pacientes é fortalecida em horta terapêutica do DF

Cerca de 15 pessoas passam por tratamento. Atividades ocorrem desde agosto do ano passado e contam com o apoio da Emater-DF e da Ceasa

Projeto de horta, sob os cuidados do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II) do Paranoá-DF, tem sido utilizado em tratamentos terapêuticos de pelo menos 15 pacientes com algum tipo de trauma severo ou problemas emocionais que se traduziram em transtornos mentais graves.

“É muito importante este contato com a natureza, as pessoas às vezes esquecem de contemplar a natureza, dar bom dia ao astro-rei”, observa ela. “Depois que passei a participar desse grupo, meu sorriso voltou, rejuvenesci”, agradece a costureira Marta Sousa, 47 anos, há um mês na condição de frequentadora do canteiro de hortaliças.

Na Horta Livre do Caps II, como também é conhecida pelos frequentadores, produzem-se frutas, verduras e legumes. Responsável pelo atendimento humanizado dos pacientes desde agosto de 2021, o psicólogo Claudio Huguet explica que o tratamento se desdobra em dois momentos importantes que culminam no que ele chama de experiência emocional corretiva: o contato direto com a horta e os bate-papos. Em ambos os processos, a promoção do acolhimento e o desenvolvimento da autoestima são latentes.

“As lições que a gente tira da horta extrapolam para a vida das pessoas”, observa o servidor de saúde. “E, nos bate-papos, é bem pragmático, com um ajudando o outro ao ouvir os problemas que alguns tiveram e auxiliando o outro por meio do relato de sua própria experiência e as estratégias que usou para enfrentá-los”, diz o psicólogo.

Aos 50 anos, a dona de casa Kátia Ferreira de Souza tem um problema de coluna que a atormenta dia e noite. “Comecei meu tratamento psicológico aqui. Estar em contato direto com a natureza e com pessoas que conseguem compreender o que estou sentindo foi uma grande ajuda”, conta.

Graças a um convênio firmado com a Emater-DF, a horta do Caps II conta com adubo de frango. Parceria com a Ceasa-DF garante a doação de mudas que são cultivadas no local.

O que é produzido também gera renda para os pacientes. “Além dos benefícios emocionais, psicológicos, a horta propicia a geração de renda com o suor do trabalho deles”, revela o psicólogo. “Tem um valor simbólico para eles, mas ajuda na passagem do ônibus, por exemplo”, diz.

Programa beneficiará 300 produtores familiares do DF e entorno

Residente com especialização em saúde mental, a fisioterapeuta Karine Vieira de Oliveira atua no Caps há quatro meses. Desenvolve com os pacientes da horta atividades alternativas, como oficinas de práticas corporais. Defende que a reabilitação psicossocial é fundamental na emancipação dos pacientes enquanto pessoas e na socialização.

“Muitas vezes, as pessoas que estão em sofrimento mental acabam perdendo esse contato com a sociedade”, observa a fisioterapeuta. “Então, tanto o trabalho da horta quanto as atividades culturais e físicas ajudam nesse processo de criar, construir, colher que atravessa muito o que é a nossa vida”, avalia.

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