Maggi: 'Não quero atrito com Meio Ambiente, mas não abro mão do direito de produzir'

Em conversa exclusiva com o Canal Rural, o novo ministro da Agricultura afirma que o setor agrícola “não será subserviente” e irá avançar dentro da legalidade

Fonte: divulgação/blairomaggi.com.br

O novo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, esteve nesta sexta-feira, dia13, no prédio do ministério para conhecer a estrutura do órgão. Na saída, ele falou com exclusividade para o Canal Rural, abordando a relação com o Ministério do Meio Ambiente, a extensão do prazo para o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Plano Safra.

Maggi também comentou que o ex-ministro Neri Geller estará em seu time de secretários, ainda sem posição definida, assim como o coronel da Polícia Militar de Mato Grosso Eumar Novacki, que deve ser o novo secretário executivo do ministério. Veja a entrevista.

Canal Rural – Como foi o seu primeiro dia de trabalho?
Blairo Maggi –
 Vim conhecer parte da equipe, conhecer a estrutura. Vim muitas vezes aqui, mas sempre com olhos de visitante. Hoje, vim com olhos de quem vai ter que fazer gestão, conversar. Fui almoçar com pessoal no restaurante aqui do Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] tive contato com muitas pessoas e, na segunda-feira, já começar mais definitivo aqui. O Neri Geller, que já foi ministro, vai fazer parte da equipe, ainda não definimos em qual secretaria. Estamos buscando profissionais da área, do setor, queremos renovar um pouco, sempre é bom o novo para dar ânimo neste momento para atender pedido do presidente Michel Temer, que quer energia renovada para fazer o que tem que ser feito.
 
CR – Existe preocupação com o Ministério do Meio Ambiente?
Maggi
 – Sei que o setor agrícola ficou muito preocupado quando saiu o nome do ministro Sarney Filho, porque ele teve atuação muito radical no passado, quando os enfrentamentos eram maiores. Hoje, podemos dizer “olha, o setor agrícola mudou muito e a questão do meio ambiente também mudou bastante”. Não queremos ter confusão, não queremos ter atrito, mas não vamos nós, do Ministério da Agricultura, não vamos  abrir mão do direito que o produtor rural tem de produzir, de fazer, de avançar, tudo dentro da lei, dentro da legalidade, dentro dos padrões que aí estão. Eu combinei para a semana que vem para a gente ter uma conversa mais institucional. Mas o que posso dizer para nossos agricultores e agricultoras do Brasil  inteiro é que vamos avançar, e não vamos ser subservientes a ninguém aqui no Planalto, queremos que respeitem o setor agrícola como um dos mais importantes do Brasil, e vamos respeitar os outros e avançar.
 
CR – O senhor defende que a agricultura familiar seja integrada ao Ministério da Agricultura? Isso pode ser feito nesta nova gestão?
Maggi –
 Eu particularmente defendo que o todo setor da agricultura deveria estar aqui no ministério, mas ele está em outro lugar. Vamos respeitar isso, mas, tecnicamente, ele deveria estar aqui. Quando você se alimenta em casa, você está usando produtos que vieram da agricultura familiar e está usando da agricultura empresarial. Ninguém define o que é que veio de um lugar ou de outro, não tem um carimbo. O importante é que seja saudável, de boa qualidade. Mas hoje há uma política social diferente e vamos construir para um futuro estarmos todos juntos, nós, grandes produtores,  médios , pequenos, empresas agrícolas. O que interessa é a força produtora para o país. Mas isso vamos ver a longo  prazo, hoje as estruturas estão definidas. Todos nós estamos chegando nos ministérios sem muito conhecimento. Não é como assumir um ministério que depois de uma eleição você tem um prazo de dois três meses para montar equipe, receber e fazer transição. Não está acontecendo isso. A secretária executiva fez uma transição para nós, mostrando relatórios e algumas outras coisas, mas tudo muito rápido, não é como se estivéssemos vindo de um processo eleitoral. Isso podemos mudar ao longo do tempo.
 
CR – O senhor defende a prorrogação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para todos os produtores, não apenas para a pequena propriedade?
Maggi –
 Sem duvida, deve ser para todos os produtores rurais, independente do seu tamanho. A maioria dos grandes e médios produtores rurais já fizeram o CAR, mas alguns não conseguiram fazer e o Código Florestal veio para trazer todo mundo para a legalidade. Eu, enquanto governador de Mato Grosso, fiz um programa parecido – aliás, este programa nacional nasceu no estado – e eu sei a dificuldade que é colocar para funcionar isso. Inicialmente, a ministra Izabella Teixeira entendia que um ano daria para funcionar. Eu disse que não, que isso leva dois ou três anos para funcionar. Prorrogar não traz prejuízo para ninguém, traz tranquilidade. Eu vou defender até o final.
 
CR – O senhor pretende mexer no Plano Safra?
Maggi –
 Vou olhar, mas não conheço profundamente o Plano Safra. Tem algumas reivindicações, alguns pedidos, temos que trocar  o pneu  furado do carro que está andando e vamos fazer isso com toda tranquilidade.