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Com inflação em alta, IFI aumenta projeção para a taxa de juros

A instituição alerta para a probabilidade elevada de um quadro econômico deteriorado no segundo semestre de 2021 e em 2022

A Selic, atualmente em 5,25%, deve terminar o ano em 8%, segundo a mais nova projeção da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado.

De acordo com o Relatório de Acompanhamento Fiscal de setembro, divulgado nesta quarta-feira, 14, a alta da inflação e as ações do governo na área fiscal, especialmente em relação ao teto de gastos, provocaram essa revisão da IFI sobre a taxa básica de juros.

Inflação

De acordo com o relatório, a inflação ajudou a maquiar a relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB). Isso acontece porque quando a inflação sobe, o PIB nominal aumenta, o que gera uma sensação de melhoria fiscal, apesar de não haver fundamentos para isso.

Com o tempo, a necessidade de aumentar a taxa de juros para conter a alta da inflação começa a anular os ganhos observados desde o início do ano.

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A alta da inflação e as ações do governo na área fiscal, especialmente em relação ao teto de gastos, provocaram essa revisão da IFI sobre a taxa básica de juros. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

“A resistência da inflação à alta dos juros, explicada por um quadro de riscos crescentes, levará a uma alta mais expressiva da Selic, que poderá chegar a 8% até o fim de 2021, comparativamente aos 5,5% previstos em junho pela IFI”, destaca o relatório.

Cenário

A instituição alerta para a probabilidade elevada de um quadro econômico deteriorado no segundo semestre de 2021 e em 2022.  Os riscos incluem o aprofundamento da crise hídrica e energética, a alta dos juros, o avanço de uma agenda de reformas que podem piorar o sistema tributário e tornar menos claras as regras fiscais e o quadro geral da pandemia.

O relatório também cita o risco político-institucional, relacionado a ameaças às instituições democráticas. “Risco fiscal e político-institucional pressionam juros futuros. Adicionalmente, a piora do risco fiscal e a intensificação do risco político, associado à estabilidade das instituições democráticas, elevam o prêmio de risco-país, produzindo incerteza adicional à trajetória prospectiva de inflação. Isso dificulta a tarefa do Banco Central de ancorar as expectativas”, aponta o texto da IFI.

De acordo com a instituição, a média das previsões de mercado para o PIB de 2022, no Boletim Focus, passou de 2,1% em julho para 2,0% em agosto e 1,7% no dia 10 de setembro. As projeções preliminares para o PIB de 2022 feitas pela IFI apontam um viés negativo. As estimativas atuais para o crescimento econômico em 2021 (4,2%) e 2022 (2,3%) serão revisadas oficialmente no RAF de outubro.