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Milho: com seca, produtores relatam perdas de até 50% na área plantada em MT

Em algumas regiões do estado, não chove há 40 dias; a alta temperatura e a baixa umidade no solo prejudicam o desenvolvimento do milho

Em Mato Grosso, a escassez de chuvas prejudica o desenvolvimento do milho segunda safra e deixa agricultores apreensivos quanto à produtividade das lavouras. No estado, algumas regiões enfrentam 40 dias de seca com perdas estimadas em até 50%  da área.

Esse cenário foi observado na fazenda Itapiranga, em Jaciara – sudeste de Mato Grosso. A lavoura de 1440 hectares de milho sente as consequências. A alta temperatura e a baixa umidade no solo prejudicam o desenvolvimento das plantas e o cenário é de muita preocupação.

“Nós plantamos com três semanas de atraso com relação à safra 2020. Choveu 32 milímetros até agora. Estamos contabilizando uma perda em área total da nossa fazenda em torno de 30 a 50%. O número final vai depender da chuva que vir agora no mês de maio para definir a produtividade. O milho perdeu altura e já perdeu o potencial”, relata o agricultor Rogério Berwanger.

Em Sorriso, no médio-norte do estado, a baixa oferta de chuvas no campo também gera apreensão. O produtor Matheus Lenz cultivou 2200 hectares de milho nesta safra. Quase metade da plantação sofre com o estresse hídrico. Nas áreas mais prejudicadas pela seca, a produtividade pode cair 50% segundo o agricultor.

“Eu plantei o milho há 51 dias e ele já deveria estar pendoando. Com 25 dias de sol já sem nem uma chuvinha, a lavoura está sofrendo muito e tenho registrado alguns danos”, conta Lenz.

Produtor espera perder metade da produtividade nesta safra devido à seca Foto: Matheus Lenz

Na região do Araguaia, a irregularidade das chuvas também preocupa. Em Querência, tem agricultor comemorando os primeiros índices de umidade após 40 dias de seca, que prejudicaram a plantação de cereal.

“Teve regiões que choveu bem, enquanto em outras as chuvas foram bem precárias. Tivemos índices entre 13 a 60 milímetros, mas também não foi geral em toda região, só uma parte. A gente ainda não sabe o tamanho do prejuízo que vai dar agora na colheita mas com certeza a produtividade vai ser menor. O milho que foi plantado mais tarde precisa ainda encher os grãos. Vamos rezar para que Deus mande mais uns 15 dias de chuva regular para todo mundo fazer uma excelente colheita”, diz o agricultor Adelir Peter.

Lavouras de milho em Querência ficaram 40 dias sem registro de chuva Foto: Adelir Peter

Tamanho da safra de milho depende das chuvas

Segundo o presidente em exercício da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) Marcos da Rosa, 45% do milho foi plantado fora da janela ideal no estado, com os produtores acelerando os trabalhos no campo.

“Na ansiedade de prover ao mercado um produto que está em falta no planeta, muitos arriscaram além da necessidade da palhada. Quando sai fora da janela o produtor sabe os riscos que corre. O que está fora da janela e onde as mangas de chuva [chuvas repentinas e de curta duração] não atingiram vamos ter perdas. Às vezes, alguns dão sorte de conseguir produzir e tirar pelo menos os custos”.

Na avaliação do presidente da Aprosoja-MT Fernando Cadore, o recuo nos números de produção só será confirmado a partir do cenário das chuvas de maio. “Vai depender se a chuva vem de forma geral, ou em formato de manga. Nenhuma das projeções feitas no passado são compatíveis com a produção se o clima continuar da maneira que está”, pontua Cadore.