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'Em hipótese alguma vamos compactuar com invasão de terra produtiva', diz Carlos Fávaro

Ministro da Agricultura e Pecuária garante que esse também é o posicionamento do presidente Lula

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, criticou o ato de se invadir propriedades privadas. Ao discursar na solenidade de abertura da edição 2023 da Expodireto Cotrijal, que ocorre nesta semana em Não-Me-Toque (RS), ele afirmou que o governo federal é contrário a esse tipo de movimento.

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“Em hipótese alguma vamos compactuar com invasão de terra produtiva”, afirmou Fávaro. Na estrutura do primeiro escalação do Executivo em nível nacional, ele endossou não estar sozinho nesse tipo de posicionamento. Pelo contrário, enfatizou. “Trago essa mensagem também do presidente Lula.”

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A afirmação de Fávaro foi feita em meio ao crescimento de invasões de propriedades rurais espalhadas pelo Brasil no decorrer das últimas semanas. Em pleno Carnaval, a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) invadiu mais de 10 fazendas em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul. Na última semana, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveu série de invasões em terrenos mantidos pela empresa Suzano Papel e Celulose em quatro municípios da Bahia.

Fávaro destacou ainda que invasores serão punidos de acordo com a lei. Nesse sentido, ele citou que José Rainha Júnior, fundador da FNL, foi preso no último fim de semana pela Polícia Civil de São Paulo. O militante é suspeito de extorquir produtores rurais no interior paulista. “Outros que queiram continuar tomando atitudes radicais contra propriedade privada sofrerão o rigor da lei”, disse o ministro.

“O direito à propriedade é legítimo. E o direito de sonhar com um pedaço de terra também é legítimo, [mas] dentro da ordem e da lei”, prosseguiu Fávaro.

Carlos Fávaro: contra invasão de terra e alta taxa de juros

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Foto: Mapa/divulgação

Na Expodireto Cotrijal, Carlos Fávaro também falou de outro assunto que envolve diretamente os produtores rurais brasileiros: a retomada de linhas de crédito para o setor produtivo. Nesse sentido, ele usou a abertura da feira agropecuária para reforçar o que o presidente Lula tem feito, o de pedir para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reduza a taxa de juros. Na visão do ministro, esse movimento ajudará a fomentar o agro do país.

“Não há ameaça inflacionária no Brasil”, afirmou Fávaro. Ele ressaltou, porém, que, independentemente da questão envolvendo a taxa de juros do Banco Central, atuará na linha de frente para prover recursos para que pequenos, médios e grandes produtores rurais tenham acesso a mais recursos para, assim, “incentivar o crescimento no campo”.

“[A imagem do produtor rural brasileiro é] abalada por pessoas que não conhecem a nossa realidade” — Carlos Fávaro

O titular do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aproveitou o momento para elogiar publicamente o trabalho de vigilância sanitária do país. Como exemplo, mencionou a rápida resolução em relação ao caso de “mal da vaca louca” (que se provou caso atípico) e o fato de o Brasil permanecer livre da gripe aviária.

Febre aftosa e trabalho contra o preconceito

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Foto: Faep

Na parte sanitária, contudo, o ministro quer ir além. Fávaro garantiu que irá atuar, junto a forças municipais e estaduais, para fazer com que mais estados brasileiros tenham o reconhecimento de zonas livres da febre aftosa sem vacinação — algo que já ocorre, por exemplo, com Santa Catarina. “O Paraná e o Rio Grande do Sul podem contar com o nosso apoio nessa questão”, disse.

Por fim, Carlos Fávaro avisou que, infelizmente, seu trabalho como ministro da Agricultura vai além de definir políticas públicas para o setor agropecuário. Ele lamentou o fato de ter que agir no exterior, neste primeiro momento, para “acabar com o preconceito contra produtores rurais brasileiros”. Segundo ele, a imagem do setor acaba “abalada por pessoas que não conhecem a nossa realidade”.

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Editado por: Anderson Scardoelli.

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