Produtores de Minas Gerais aguardam crédito há cinco meses

No sul do estado, muitos produtores com projetos aprovados na linha Pronaf Mais Alimentos tiveram de improvisar para garantir a colheita do caféNo sul de Minas Gerais, pequenos produtores aguardam há mais de cinco meses financiamentos aprovados pelo Banco do Brasil na linha de crédito Pronaf Mais Alimentos. O atraso está prejudicando o planejamento de safra de muitos agricultores, que chegam a não ter dinheiro para realizar a colheita do café.

Em março, a equipe do Canal Rural esteve na cidade de Perdões, no sul de Minas Gerais e, por meio de uma câmera escondida, obteve a informação de gerentes que os recursos sairiam no dia 15 de abril. Dois meses se passaram e nada mudou para os agricultores.

Segundo dados do Banco do Brasil, entre março de 2014 a março de 2015, foram disponibilizados cerca de R$ 163 bilhões em linhas de crédito rural. O Pronaf recebeu 23% desse valor. Mesmo assim, muitos produtores ainda esperam pelo dinheiro. Segundo fontes do Canal Rural, o motivo do atraso é que a demanda por recursos está maior do que o banco consegue ofertar ao produtor rural.

Após esperar desde janeiro deste ano, o produtor Crenis Alves Ferreira perdeu as esperanças. O produtor teve o projeto aprovado pelo BB. O financiamento, no valor de R$ 75 mil, seria utilizado na reforma do terreiro do café e na construção de um barracão para armazenar a produção.

– Eu tive que me desfazer de bens porque eu tenho gastos para colher o café, como eu vou fazer? Inclusive precisei vender meu carro na semana passada. Assim que acabar meu dinheiro eu vou ter que vender tudo, fica difícil como que eu trabalho desse jeito – lamenta.

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O produtor Valdir Adão está na mesma situação. Em fevereiro, ele teve R$ 86 mil em crédito aprovado pelo banco. O dinheiro seria utilizado também para um terreiro, mas o dinheiro não chegou e a colheita começou. O jeito foi improvisar.

Sem a estrutura necessária, a secagem do café é feita a céu aberto. O contato dos grãos com a umidade do solo prejudica a qualidade do produto e impacta negativamente o preço do produto. Já o antigo curral utilizado para tirar o leite deveria ser transformado em um armazém. Como o dinheiro não veio, o local ficou abandonado.

Outro lado

Nossa equipe de reportagem procurou a agência do Banco do Brasil, mas nenhum dos gerentes aceitou gravar entrevista e não deram resposta em relação ao prazo para regularizar a situação. Nossa produção entrou em contato com a Superintendência de Minas Gerais e com a sede do banco, em Brasília, mas eles também não deram retorno.