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La Niña: departamento americano mantém risco no segundo semestre

Confira a previsão do tempo e os possíveis impactos do clima no inverno e verão deste ano

O Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA) manteve a previsão de neutralidade climática — sem El Niño ou La Niña — para o decorrer dos próximos meses, em boletim atualizado nesta semana.

No trimestre abril-maio-junho, ao longo deste outono, há quase 70% de chance de manutenção da neutralidade. “No inverno, a chance é de pouco mais de 50%, lembrando que 50%, neste caso, não quer dizer “meio a meio”, porque existem três cenários, El Niño, La Niña e neutralidade”, explica o meteorologista Celso Oliveira, da Somar.

Na primavera, a soma das chances de neutralidade e de La Niña passa dos 70%. Isto significa que no decorrer do segundo semestre, há previsão de águas mais frias que o normal no oceano Pacífico e uma possibilidade de formação de um fenômeno La Niña, que precisa ser monitorado e confirmado nos próximos meses.

Com a manutenção da neutralidade, espera-se um padrão típico do outono no Brasil, ou seja, enfraquecimento da chuva em partes do Sudeste, Centro-Oeste e interior do Nordeste e aumento da precipitação na região Sul. A mudança não acontecerá de forma brusca, já que o Pacífico não influencia de forma muito significativa a qualidade da chuva no Brasil de uma hora para outra. Então, embora irregular e com grande espaçamento, ainda choverá sobre o Brasil Central até maio.

No Sul, por outro lado, o fim da estiagem será mais sentido em maio, embora a chuva reapareça em abril. Essa chuva de maio e também a que está prevista para o inverno deve favorecer as lavouras de inverno na região.

A Universidade de Columbia lançou uma previsão probabilística para o outono no Brasil, onde há maior chance de precipitação próxima da média histórica no Sul. Já no Sudeste, boa parte da região está com previsão de chuva dentro da média, com exceção de áreas do interior do Rio de Janeiro e sul, centro e oeste de Minas Gerais, que vão receber menos chuva que o normal. “Essa diminuição vai favorecer a colheita da cana-de-açúcar e do café”, sinaliza Oliveira.

O Centro-Oeste também receberá chuva dentro da média no outono com exceção do sul de Mato Grosso do Sul, que receberá chuva mais intensa que o normal e do sudoeste de Mato Grosso, que receberá menos chuva que o normal. Para o Centro-Oeste, o inverno mais seco deixa o vazio sanitário mais eficiente para a próxima safra de soja. “Já para a lavoura de verão 2020/2021, a chance maior de La Niña atrasa a chuva para o plantio da soja na parte central do Brasil e acaba atrasando a florada do café e da laranja no Sudeste em meados de setembro e outubro”, avisa.

No Nordeste, a chuva acima da média acontecerá no centro e leste do Nordeste, desde a Bahia até o Rio Grande do Norte e leste do Ceará. Por outro lado, Piauí e Maranhão terão um outono mais seco que a média. A chuva acima da média no leste da Bahia no próximo inverno deve ser muito favorável para o desenvolvimento da cana-de-açúcar na região.

Por fim, no Norte, destaque para a chuva acima da média no Amapá, norte e oeste do Pará, Roraima, sudoeste do Amazonas e no Acre. Por outro lado, há previsão de chuva abaixo da média no nordeste do Pará, norte de Tocantins e bacia do rio Solimões, no oeste do Amazonas. “A instalação dos grãos da próxima safra de verão também será mais tardia no Norte por conta da chance do La Niña”, afirma o meteorologista.

Em relação às temperaturas, nos próximos meses, as ondas de frio se intensificam com o passar do outono, mas não há previsão de temperaturas mais baixas que o normal. Pelo contrário, o Brasil terá um inverno com temperatura acima da média em até 1 ºC em áreas do Centro-Sul. “A justificativa está na frequência das ondas de frio. Embora elas sejam fortes, as massas de ar de origem polar não serão frequentes e virão intercaladas com períodos de temperaturas mais elevadas”, finaliza.