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Veja 5 características do La Niña que 'desviam' as chuvas das lavouras de soja

Ondas de frio tardias no Sul e atraso na regularização da chuva no interior do país são grandes características do fenômeno

Produtores de soja do Paraná estão preocupados com o plantio da safra de soja 20/21. Muitos já comercializaram a lavoura e precisam colher em janeiro. No entanto, em comparação com o ano passado, o plantio está atrasado, sendo que apenas 1% da lavoura foi plantada, contra os 4% do mesmo período de 2019, entre 10 de setembro a 29 de setembro.

 

Neste ano, boa parte do estado só recebeu 25 milímetros de chuva em setembro, sendo que a média seria 75 milímetros. Sem contar as áreas do Sudeste e Centro-Oeste, onde muitos produtores de soja não receberam nenhuma chuva significativa sequer para dar a largada ao plantio. A explicação disso está no oceano Pacífico Equatorial.  

O La Niña, que é o resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial, traz muitos efeitos no clima do Brasil e do mundo. É neste fenômeno que podemos buscar a explicação de tanta irregularidade na distribuição da chuva nesta safra 20/21. 

 

  • O 1º impacto são as ondas de frio mais tardias que estão sendo verificadas no Rio Grande do Sul;
  • Um 2º fator é que os ventos fortes nos altos níveis da atmosfera acabam ficando mais concentrados no Sul, segurando toda a umidade por lá;
  • Em 3º lugar, é importante ressaltarmos que a umidade da Floresta Amazônica desperta de forma mais tardia em anos de La Niña. É a umidade da Amazônia que alimenta as frentes frias e é combustível para a formação de pancadas de chuva no Brasil central;
  • No 4ª posto, podemos colocar a posição das correntes de jato que, em anos de La Niña, ao invés de virem mais pelo interior do Brasil, passam pela região da Cordilheira dos Andes;
  • Por fim, um 5º  efeito do La Niña que não colabora com o retorno da umidade é o fato das frentes frias serem desviadas para o oceano. Os sistemas frontais tem dificuldade de chegar ao Paraná, ao Sudeste e  Mato Grosso do Sul.

A primeira quinzena de outubro vai marcar o retorno das instabilidades para o Paraná, o Brasil central e o Sudeste, mas os meteorologistas ainda pedem cautela. No sul do Paraná, já vai dar para esperar de 50 a 70 milímetros de chuva, mas áreas do norte do estado ainda terão chuva fraca. 

No Sudeste e Centro-Oeste, a chuva volta mas com volumes de 15 a 30 milímetros. “Não podemos esquecer que em alguns pontos a chuva pode vir na forma de temporal e acumular volumes mais elevados, o importante é ressaltar que a regularidade é mais tardia”, diz Celso Oliveira, meteorologista da Somar. Segunda quinzena de outubro está mais otimista com os volumes de chuva.