Acrimat critica dependência das exportações de carne para a Rússia

Embarques para o país recuaram 6,4% em relação ao primeiro semestre de 2010O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse nesta segunda, dia 1º, que a estratégia do governo russo de impor embargo à carne brasileira para negociar apoio ao ingresso na Organização Mundial de Comércio (OMC) "é uma grande lição de que não podemos ficar dependente de um comprador". Segundo ele, a Rússia colocou em xeque a qualidade da carne brasileira por motivos muitos distantes da sanidade animal.

? Não podemos ficar reféns de atitudes como esta ? avaliou.

Os dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que as exportações mato-grossenses nos primeiros seis meses deste ano somaram 96,5 mil toneladas em equivalente carcaça, volume 11,7% inferior ao observado em igual período do ano passado. Já a receita cresceu 18,8% para US$ 371,58 milhões, graças ao aumento de 34,5% no preço médio.

A Rússia é o segundo maior mercado para a carne bovina exportada por Mato Grosso, superado apenas pelo grupo de países do Oriente Médio. Os embarques para a Rússia atingiram 27,1 mil toneladas e recuaram 6,4% em relação ao primeiro semestre de 2010 (29,04 mil toneladas). As exportações para o Oriente Médio recuaram também 6,4%, de 33,7 mil toneladas para 31,5 mil toneladas. O principal destino é o Irã, que respondeu por 73,9% dos embarques para a região, com 23,3 mil toneladas.

? Os compradores da carne brasileira vêm sofrendo algum tipo de crise e o Brasil também enfrentou problemas, como a forte seca do ano passado, que afetou a oferta de boi gordo para o abate, o que explica a valorização da carne ? comentou Vacari.

Ele observa que a União Europeia (UE), principal comprador até o primeiro semestre de 2007, respondeu por apenas 4,7% das exportações mato-grossenses no primeiro semestre. Em contrapartida, diz ele, a China continua surpreendendo e aumentou as exportações em 11,06%, com um volume de 7,4 mil toneladas equivalente carcaça.

? A China é um mercado bastante interessante e está mudando a cultura de não comer carne vermelha, o que a torna um mercado em potencial enorme ? afirmou o dirigente da Acrimat.