Aumento do consumo de carne na China deve recuar

Reflexo da desaceleração da economia do país asiático, que deve ter aumento médio da demanda a 2,2% até 2025

Fonte: MPT-RS/Divulgação

O crescimento do consumo da carne bovina na China vai desacelerar nos próximos dez anos. A análise foi feita pelo Rabobank, que indica que à medida que a economia do país perder fôlego, a demanda pela commodity se estabilizará. 

No entanto, analistas da instituição preveem que a segmentação dos consumidores e dos canais de varejo e a disposição dos chineses em pagar mais por qualidade criarão demanda por produtos de maior valor agregado e por marcas.

O Rabobank estima que o crescimento médio na demanda por carne bovina no país asiático será de 2,2% até 2025, fazendo com que o consumo totalize 10,2 milhões de toneladas ao fim da década, ante projeção de 8 milhões de toneladas em 2015. A expansão é menor do que a registrada entre 1996 e 2014, quando o mercado cresceu em média 4,8% ao ano. 

Segundo o Rabobank, isso é por causa das perspectivas de desaceleração econômica na China, cujo Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 6% em 2025, ante 7,4% em 2014. No entanto, a instituição financeira ressalta que sua estimativa é mais otimista do que a do Ministério da Agricultura do país, que prevê avanço médio de 2% no consumo da carne bovina nos próximos dez anos.

A previsão do Rabobank é justificada pela expectativa de crescimento na demanda por produtos “premium”. No documento, o banco ressalta que parte dos chineses está preocupada com questões sanitárias e aceita pagar mais por garantia de qualidade nas gôndolas dos supermercados. Além disso, as vendas de carne bovina por internet devem crescer, com um mix maior de produtos em relação aos comercializados no atacado tradicional. 

– A maioria dos produtos é bem embalada e tem marca e preços competitivos graças às despesas menores com marketing – escreve a analista Chenjun Pan, no relatório. 

O segmento de Foodservice também garante oportunidades, já que esse mercado de nicho tem crescido rapidamente na China. Segundo o Rabobank, este permanece o maior canal para o consumo de carne bovina no país asiático, apesar da desaceleração econômica.

O banco também ressalta que os consumidores chineses têm aceitado pagar mais pela carne bovina do que por proteínas alternativas, como a do frango e a de suínos. Enquanto os preços dos produtos bovinos mais que quadruplicaram desde 2000, os dos suínos dobraram e os das aves aumentaram apenas 1,8 vez. 

– Isso indica maior tolerância dos consumidores em relação aos preços (da carne bovina) em alta, em comparação com outras carnes – cita o texto.

O Rabobank espera que a produção nacional seja capaz de atender 80% da demanda chinesa por carne bovina em 2025, mas os outros 20% representam oportunidades para exportadores de outras nações produtoras. Sem a autossuficiência, analistas esperam que os preços da carne bovina subam periodicamente na China, a depender da escassez na oferta doméstica e internacional.